São Paulo, quarta-feira, 08 de maio de 2002

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RUMO ÀS ELEIÇÕES

Partido inicia ofensiva junto a associações de empresários

PT vai à Fiesp e promete mudança com "equilíbrio"

FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL

O PT prometeu ontem à diretoria da principal entidade empresarial do país, a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), que, no poder, vai promover mudanças "com segurança e equilíbrio".
Em reunião de mais de uma hora, petistas e empresários trocaram sugestões para o próximo mandato presidencial. "Temos muita coisa em comum, em áreas como política tributária, políticas de desenvolvimento regional, combate à guerra fiscal", disse Antônio Palocci Filho, coordenador do programa de governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
Do lado dos petistas, participaram, além de Palocci, o presidente nacional do partido, José Dirceu, o secretário-geral, Luiz Dulci, e o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Luiz Marinho. Do lado dos empresários, estiveram o presidente da federação, Horácio Lafer Piva e outros integrantes da diretoria.
Em fase final de elaboração de seu programa de governo, o PT está iniciando uma ofensiva junto ao grande empresariado.
Ontem, foi à Fiesp. Amanhã, Lula estará na Confederação Nacional da Indústria. E, até o final de junho, haverá visitas às federações das indústrias de Rio de Janeiro e Minas Gerais.
Além de pedir sugestões a seu programa -iniciativa inédita nas campanhas presidenciais do partido-, o PT, nas visitas, busca abrir portas no empresariado e, se não eliminar, ao menos reduzir a histórica rejeição a Lula.
As visitas ocorrem uma semana após o início de uma série de relatórios de bancos estrangeiros recomendando o rebaixamento da avaliação do Brasil, em razão da liderança folgada de Lula nas pesquisas. Entre as instituições que tomaram esta iniciativa estão o Morgan Stanley e o Merril Lynch.
"As visitas já estavam marcadas, não estão relacionadas aos relatórios dos bancos, alguns desmentidos pelas próprias diretorias das instituições. Têm o propósito de reunir as experiências dos setores produtivos para construir um consenso para governar o Brasil", declarou o coordenador.
Palocci admitiu, no entanto, que a reunião serviu também para mostrar que o PT não fará pirotecnia no poder nem quebrará compromissos na Presidência.
"Procuramos demonstrar [na reunião" que queremos fazer uma mudança com segurança. Queremos um projeto que mude, agora uma mudança equilibrada, evidentemente", declarou Palocci.
Para ele, a população e o empresariado querem mudança na condução da economia. "Não acredito que o empresário que pensa o Brasil queira que as coisas fiquem como estão", afirmou.
Apesar da proximidade de muitas idéias com a indústria, Palocci declarou que a reunião "não foi apenas de concordâncias".
Há diferenças importantes, de acordo com os petistas, em áreas como privatizações e propostas para o setor elétrico. A diretoria da Fiesp não comentou o encontro com os representantes do PT.
Ecoando o que outros líderes petistas já vem pregando há algum tempo, Palocci também procurou evitar expectativas exageradas quanto ao início de um eventual governo Lula. Disse que não será possível dobrar o valor do salário mínimo ou fazer a economia crescer ao ritmo de 5% ao ano já nos primeiros meses de mandato.
"A economia não suporta uma mudança tão rápida. Vamos estabelecer metas, dizer em quanto tempo é possível elevar o mínimo ou fazer o país crescer."


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