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Governo tenta evitar
surpresa com relatores
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
FERNANDA KRAKOVICS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
O PMDB alinhado ao Palácio do
Planalto e o setor moderado do
PT foram os setores escolhidos
ontem para relatar as reformas da
Previdência e tributária na CCJ
(Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara dos Deputados.
O objetivo do governo ao dar o
aval aos nomes foi, primeiro, ter a
certeza de que não terá nenhuma
surpresa na primeira etapa de tramitação das reformas, e, segundo,
dar mais um passo na tentativa de
atrair o PMDB para a base aliada.
O presidente da CCJ, Luiz
Eduardo Greenhalgh (PT-SP),
anunciou ainda pela manhã os
nomes de Osmar Serraglio
(PMDB-PR) como relator da reforma tributária e Maurício
Rands (PT-PE) como relator da
previdenciária. Durante as negociações entre Greenhalgh e a liderança da articulação política do
governo, os dois "venceram" outros cotados, como os deputados
Jaime Martins (PL-MG), José
Eduardo Cardoso (PT-SP) e Roberto Magalhães (PE), que trocou
anteontem o PSDB pelo PTB, partido aliado ao governo.
Serraglio -ligado ao líder da
bancada peemedebista na Câmara, Eunício Oliveira (CE)- já assumiu com um discurso tranquilizador para o Planalto, que quer
evitar ao máximo as modificações
dos pontos das reformas durante
a tramitação Legislativa.
"É uma reforma praticamente
que se contém dentro do desenho
primitivo de 1988 [data da promulgação da Constituição". Em
uma leitura que fiz como deputado, uma leitura muito rápida, não
percebi nada que acho que possa
conduzir a uma inconstitucionalidade", disse. Ele afirmou que
pretende propor a supressão de
parte de um artigo, mas apenas
para corrigir um detalhe técnico.
Já Rands -que pertence à tendência Articulação, setor majoritário do PT, o mesmo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva-
reconheceu ser a cobrança dos
servidores inativos o ponto mais
polêmico, mas evitou fazer análises sobre a constitucionalidade.
Anteontem, questionado pela Folha, Rands afirmou não considerar inconstitucional a tributação
dos inativos. Ontem, ele afastou a
possibilidade de que seu passado
como advogado de servidores
possa influenciar sua decisão.
A CCJ analisa a constitucionalidade das propostas e pode apenas
suprimir pontos. O relator apresenta um parecer que é votado pelos 57 integrantes da comissão,
sendo aprovado pela maioria dos
presentes. "A indicação do Serraglio demonstra a possibilidade de
a tramitação das reformas se dar
em um ambiente de co-responsabilidade entre todos os partidos",
afirmou Aldo Rebelo (PC do B-SP), líder do governo na Câmara.
Na primeira sessão, Greenhalgh
indeferiu proposta do deputado
Robson Tuma (PFL-SP) de que a
CCJ respeitasse o prazo regimental de cinco sessões para apresentar o parecer. Greenhalgh defendeu um acordo para que os trabalhos sejam feitos em até 30 dias.
"Se não fui enquadrado pela ditadura, vou ser enquadrado pelo
Tuminha", disse Greenhalgh.
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