|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
JUDICIÁRIO
Barbosa Gomes nega que sua vaga represente uma cota para negros
Indicado do Rio diz que não tem vínculo com reformas
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O procurador da República no
Rio de Janeiro Joaquim Benedito
Barbosa Gomes, 48, negou que a
sua vaga no STF (Supremo Tribunal Federal) possa ser associada a
uma espécie de cota para negros
na cúpula do Judiciário brasileiro.
Sobre a declaração do ministro
da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, de que os indicados têm afinidades com as reformas, ele diz também que não tem vínculos
políticos: "Não me sinto de forma
alguma influenciado por esse tipo
de vinculação [às reformas]".
Gomes diz que sua indicação
"tem uma grande significação de
natureza emblemática".
(SF)
Folha - O ministro Márcio Thomaz
Bastos disse que a afinidade dos indicados com as reformas pesou nas
escolhas. O sr. tem afinidade com
as propostas do governo?
Joaquim Barbosa - Tenho total
tranquilidade para falar sobre isso, porque eu estava a 12 mil quilômetros de distância, em atividade acadêmica nos Estados Unidos, quando fui sondado pelo ministro da Justiça. Sou desprovido
de vínculos político-partidários,
corporativos, associativos e de sociabilidade que podem naturalmente influenciar esse tipo de escolha. Não me sinto de forma alguma influenciado por esse tipo
de vinculação [às reformas].
Folha - O que representa a sua indicação?
Barbosa - Ela tem uma grande
significação de natureza emblemática. É uma sinalização para os
setores mais carentes e pobres da
sociedade brasileira de que pode
haver o rompimento de certas
barreiras de ascensão social.
Outro significado que vejo é o
resgate de certos valores republicanos, como a escola pública, pela
qual eu sempre lutei. É ela que viabiliza a mobilidade social.
Folha - O sr. não teme que a sua
vaga seja vista como uma espécie
de cota no STF?
Barbosa - Não, porque a observância de certa pluralidade nas
cortes supremas é uma tendência
mundial, que já vem de longa data. Desde 1965, a Corte Suprema
dos Estados Unidos, por exemplo, tem a presença de um negro,
sem interrupção. Desde 1980, tem
pelo menos uma mulher na Corte
Suprema -atualmente tem duas,
entre nove membros.
Texto Anterior: Perfil: Barbosa Gomes defende ações contra racismo Próximo Texto: PT criticou indicações "políticas" de FHC Índice
|