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São Paulo, quinta-feira, 08 de maio de 2003

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JUDICIÁRIO

Barbosa Gomes nega que sua vaga represente uma cota para negros

Indicado do Rio diz que não tem vínculo com reformas

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O procurador da República no Rio de Janeiro Joaquim Benedito Barbosa Gomes, 48, negou que a sua vaga no STF (Supremo Tribunal Federal) possa ser associada a uma espécie de cota para negros na cúpula do Judiciário brasileiro.
Sobre a declaração do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, de que os indicados têm afinidades com as reformas, ele diz também que não tem vínculos políticos: "Não me sinto de forma alguma influenciado por esse tipo de vinculação [às reformas]".
Gomes diz que sua indicação "tem uma grande significação de natureza emblemática". (SF)
 

Folha - O ministro Márcio Thomaz Bastos disse que a afinidade dos indicados com as reformas pesou nas escolhas. O sr. tem afinidade com as propostas do governo?
Joaquim Barbosa -
Tenho total tranquilidade para falar sobre isso, porque eu estava a 12 mil quilômetros de distância, em atividade acadêmica nos Estados Unidos, quando fui sondado pelo ministro da Justiça. Sou desprovido de vínculos político-partidários, corporativos, associativos e de sociabilidade que podem naturalmente influenciar esse tipo de escolha. Não me sinto de forma alguma influenciado por esse tipo de vinculação [às reformas].

Folha - O que representa a sua indicação?
Barbosa -
Ela tem uma grande significação de natureza emblemática. É uma sinalização para os setores mais carentes e pobres da sociedade brasileira de que pode haver o rompimento de certas barreiras de ascensão social.
Outro significado que vejo é o resgate de certos valores republicanos, como a escola pública, pela qual eu sempre lutei. É ela que viabiliza a mobilidade social.

Folha - O sr. não teme que a sua vaga seja vista como uma espécie de cota no STF?
Barbosa -
Não, porque a observância de certa pluralidade nas cortes supremas é uma tendência mundial, que já vem de longa data. Desde 1965, a Corte Suprema dos Estados Unidos, por exemplo, tem a presença de um negro, sem interrupção. Desde 1980, tem pelo menos uma mulher na Corte Suprema -atualmente tem duas, entre nove membros.


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