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REFORMAS
Ministro evita comentar objeções de radicais e nega que o governo estimule dissidências em partidos de oposição
"Sou radical, sempre fui", afirma Dirceu
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro-chefe da Casa Civil,
José Dirceu, utilizou ontem o argumento de que também é radical
para evitar polêmica com os parlamentares das alas consideradas
radicais do PT. O ministro foi
questionado seguidas vezes sobre
a oposição que eles vêm fazendo
às reformas propostas pelo governo, mas não quis responder.
"Eu sou radical também. Sempre fui radical. Fiquei preso muito
tempo na época da ditadura, fiquei clandestino, sempre fui radical. Vocês não conhecem minha
vida, minha história?", perguntou, durante entrevista no Palácio
do Planalto. "Quem pensa que eu
sou moderado vive de ilusões",
acrescentou.
O ministro negou que o governo esteja estimulando dissidências nos partidos de oposição em
busca de votos e atacou o líder do
PFL na Câmara, José Carlos Aleluia (BA), que criticara um suposto "enquadramento" do presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, Luiz
Eduardo Greenhalgh (PT-SP).
"Ele [Aleluia] não tem autoridade moral para falar isso. Não tem.
Não vejo como ele possa me acusar disso. Como é que eu posso
enquadrar o presidente da CCJ?
Como é que eu posso discutir prazos da CCJ?", disse Dirceu.
O ministro se referia às críticas
feitas na véspera por Aleluia, ao
reclamar da redução, de 45 para
30 dias, do prazo de tramitação
das reformas tributária e da Previdência na CCJ da Câmara, anunciada por Greenhalgh depois de
reunião com José Dirceu.
Em resposta ao ministro, Aleluia afirmou: "Quem cometeu estelionato eleitoral não pode falar
em autoridade moral. Não vamos
nos intimidar".
Segundo Aleluia, Dirceu o agrediu porque ele apontou "incoerência" do partido, que adota agora teses que combatia. "O PT esperava governar o Brasil sem oposição, mas está vivendo essa contradição dentro da própria base".
O ministro admitiu que discutiu
o prazo com Greenhalgh, mas negou várias vezes que tenha participado da decisão. "Essa decisão
foi tomada pelos líderes da base
do governo. É uma discussão que
envolve todos os partidos, não há
nenhuma determinação da Casa
Civil em relação a essa ou aquela
forma de votar. Os líderes discutiram e chegaram a uma posição e
eu fiquei sabendo depois", disse.
O ministro afirmou que Greenhalgh é conhecido no PT por sua
independência. "Ademais, todo
mundo sabe que é meu amigo fraterno. Jamais eu teria um comportamento desses com ele."
Quanto às acusações de que
vem cooptando parlamentares de
partidos de oposição, Dirceu afirmou que não são verdadeiras. Segundo ele, mesmo em relação ao
PMDB, "o partido que tem mais
problemas, contradições e divisões", o governo só negocia com a
direção da legenda.
Por fim, questionado sobre a
decisão do Senado de arquivar o
pedido de abertura de processo
de cassação de ACM (PFL-BA),
Dirceu afirmou que sua posição,
como cidadão, era a mesma do
PT, que havia sido derrotada.
(WILSON SILVEIRA)
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