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São Paulo, quinta-feira, 08 de maio de 2003

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REFORMAS

Ministro evita comentar objeções de radicais e nega que o governo estimule dissidências em partidos de oposição

"Sou radical, sempre fui", afirma Dirceu

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, utilizou ontem o argumento de que também é radical para evitar polêmica com os parlamentares das alas consideradas radicais do PT. O ministro foi questionado seguidas vezes sobre a oposição que eles vêm fazendo às reformas propostas pelo governo, mas não quis responder.
"Eu sou radical também. Sempre fui radical. Fiquei preso muito tempo na época da ditadura, fiquei clandestino, sempre fui radical. Vocês não conhecem minha vida, minha história?", perguntou, durante entrevista no Palácio do Planalto. "Quem pensa que eu sou moderado vive de ilusões", acrescentou.
O ministro negou que o governo esteja estimulando dissidências nos partidos de oposição em busca de votos e atacou o líder do PFL na Câmara, José Carlos Aleluia (BA), que criticara um suposto "enquadramento" do presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP).
"Ele [Aleluia] não tem autoridade moral para falar isso. Não tem. Não vejo como ele possa me acusar disso. Como é que eu posso enquadrar o presidente da CCJ? Como é que eu posso discutir prazos da CCJ?", disse Dirceu.
O ministro se referia às críticas feitas na véspera por Aleluia, ao reclamar da redução, de 45 para 30 dias, do prazo de tramitação das reformas tributária e da Previdência na CCJ da Câmara, anunciada por Greenhalgh depois de reunião com José Dirceu.
Em resposta ao ministro, Aleluia afirmou: "Quem cometeu estelionato eleitoral não pode falar em autoridade moral. Não vamos nos intimidar".
Segundo Aleluia, Dirceu o agrediu porque ele apontou "incoerência" do partido, que adota agora teses que combatia. "O PT esperava governar o Brasil sem oposição, mas está vivendo essa contradição dentro da própria base".
O ministro admitiu que discutiu o prazo com Greenhalgh, mas negou várias vezes que tenha participado da decisão. "Essa decisão foi tomada pelos líderes da base do governo. É uma discussão que envolve todos os partidos, não há nenhuma determinação da Casa Civil em relação a essa ou aquela forma de votar. Os líderes discutiram e chegaram a uma posição e eu fiquei sabendo depois", disse.
O ministro afirmou que Greenhalgh é conhecido no PT por sua independência. "Ademais, todo mundo sabe que é meu amigo fraterno. Jamais eu teria um comportamento desses com ele."
Quanto às acusações de que vem cooptando parlamentares de partidos de oposição, Dirceu afirmou que não são verdadeiras. Segundo ele, mesmo em relação ao PMDB, "o partido que tem mais problemas, contradições e divisões", o governo só negocia com a direção da legenda.
Por fim, questionado sobre a decisão do Senado de arquivar o pedido de abertura de processo de cassação de ACM (PFL-BA), Dirceu afirmou que sua posição, como cidadão, era a mesma do PT, que havia sido derrotada.
(WILSON SILVEIRA)


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