EM SÃO PAULO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Além de ser a segunda maior financiadora individual das eleições municipais de 2008, a AIB (Associação Imobiliária Brasileira) também doou no ano passado R$ 2,54 milhões diretamente ao DEM do prefeito Gilberto Kassab. Em ambos os casos, a entidade foi usada pelo setor imobiliário de São Paulo para driblar a lei que proíbe doação por sindicatos.
A AIB é acusada de funcionar como entidade de fachada do Secovi-SP (sindicato do setor imobiliário) para fazer doações. O sindicato, porém, nega qualquer vínculo com as doações.
Candidatos que receberam recursos da AIB disseram que as contribuições foram acertadas com o Secovi-SP. Além disso, a AIB não tem sede, website ou receita. Procurada ontem e anteontem, não se pronunciou.
Como a Folha revelou no mês passado, a AIB doou R$ 6,5 milhões a candidatos, quase todos paulistas. O maior destinatário foi José Police Neto (PSDB), com R$ 270 mil, líder do governo Kassab na Câmara e relator do projeto de revisão do Plano Diretor da cidade.
Na semana passada, o DEM informou ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que a AIB foi a terceira maior fonte de contribuições a legenda, só atrás de duas construtoras. Doou 9% do total arrecadado no ano.
Além de driblar a regra eleitoral, a estratégia de usar a associação permite ao setor ocultar os verdadeiros doadores.
No caso da doação feita ao partido, nem sequer a AIB aparece como doadora. Isso porque quando os partidos repassam o dinheiro aos candidatos, são eles que aparecem como doadores, e não a associação. O expediente é conhecido como doação oculta ou burla legal.
Segundo o tesoureiro do DEM, Saulo Queiroz, quase tudo o que foi doado foi para as campanhas. O DEM arrecadou R$ 32,2 milhões em 2008.
As doações da AIB já caíram na malha fina de TSE e Receita que detectou contribuições ilegais em 2006. Agora, são questionadas pelo Ministério Público Eleitoral de São Paulo.
(ALAN GRIPP E FERNANDA ODILLA)


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