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RUMO ÀS ELEIÇÕES
Mercadante vê pouca margem de manobra na economia; assessor de Garotinho critica atuação do BC
Oposição prevê e teme crise como herança
LIEGE ALBUQUERQUE
DA REPORTAGEM LOCAL
A oposição prevê e teme que o
"remédio" usado pelo governo
para amenizar a ansiedade do
mercado vá deixar como herança
uma nova crise "difícil de administrar" para o próximo presidente, seja ele quem for.
Para caracterizar essa idéia, um
dos coordenadores do programa
de governo do presidenciável do
PT, Luiz Inácio Lula da Silva, o deputado Aloizio Mercadante (PT-SP), usou uma metáfora. "Quando um carro está a 25 km/h, tem
espaço para errar e consertar. Mas
quando está a 300 km/h, a margem de manobra para consertar
um erro é muito pequena."
A opinião de Mercadante é
compartilhada pelo coordenador
de economia do presidenciável do
PSB, Anthony Garotinho, o economista Tito Ryff. Os dois participaram, ontem, de um seminário
na Câmara Americana de Comércio, em São Paulo, para discutir a
negociação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca).
Nesta semana, os investidores
pressionaram o governo federal
para trocar Letras Financeiras do
Tesouro (LFTs), que venciam em
2004 e 2006, por títulos com vencimentos em prazo menor, no
primeiro trimestre do próximo
ano. Algumas das explicações do
mercado para solicitar o "remédio" ao governo, ou seja, a troca
dos títulos, apontam para a incerteza em ano eleitoral.
Apesar das críticas à atuação do
Banco Central, "que fez operações
de alto risco que abalaram a confiança dos investidores de longo
prazo no Brasil", Mercadante admitiu, contudo, que o procedimento atual é o mais acertado.
"Não vejo nenhuma outra alternativa, agora, a não ser dar liquidez a esses títulos. O governo está
empurrando o mercado a vender
as LFTs", disse.
"Esperamos que até segunda-feira o BC consiga estancar essa
sangria [as perdas dos fundos de
investimento, que fizeram investidores migrarem para outros tipos de aplicação"", afirmou o deputado petista.
Para Tito Ryff, o governo atual
deveria procurar alternativa ao
procedimento da troca dos títulos
de longo prazo para os de curto
prazo. "O próximo governo vai
herdar uma bolha de dívidas para
renegociar, sem ter contribuído
para isso. Será uma nova crise
herdada dessa crise", disse.
Para um dos articuladores da
campanha tucana, o prefeito de
Vitória (ES), Luiz Paulo Vellozo
Lucas, que também participou do
seminário sobre a Alca, essa visão
é "um exagero" da oposição por
conta da campanha eleitoral. "Todas essas fragilidades atuais são
administráveis", disse.
"Há um exagero [da oposição"
com o objetivo de tentar provar
algum fracasso do governo. Confiamos na atuação do BC e essa
turbulência vai passar bem antes
de o próximo governante assumir", afirmou Vellozo Lucas.
Alca
Mercadante defendeu ontem
que o país negocie a Alca com os
EUA em conjunto com seus parceiros do Mercosul - estratégia
conhecida como "quatro mais
um". "A tática [a união dos países
para negociar outras uniões estratégicas" é permitida pelo próprio
documento que criou o Mercosul
e já é usada na negociação com a
União Européia."
Para o deputado, o fato de o Senado norte-americano ter aprovado a TPA (sigla que, em inglês,
significa Autoridade para Promoção Comercial) é "mais uma barreira à negociação" com o Brasil.
A TPA autoriza o presidente
George W. Bush a negociar acordos comerciais com outros países
e traz uma lista dos setores que terão tratamento diferenciado, como a agricultura. "Assim o Brasil
não conseguirá negociar a abertura em áreas importantes como a
agricultura, comprometendo a
implantação da Alca", disse.
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