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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"
Para comando do partido, afastamento de tesoureiro, sugerido pelo Planalto, é sinal de desconfiança; Genoino defende sua permanência
PT resiste à pressão e mantém Delúbio
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Sob forte pressão do governo
-especialmente do chefe da Casa
Civil, José Dirceu-, o comando
do PT resistiu ontem à proposta
de afastamento do secretário nacional de Finanças e Planejamento, Delúbio Soares. Pivô da crise
do governo, Delúbio foi acusado
pelo presidente do PTB, Roberto
Jefferson (RJ), de distribuir mesada a deputados do PL e do PP.
Segundo um dos participantes
da reunião de ontem na sede nacional do PT, Dirceu telefonou
para sugerir o afastamento de Delúbio. A Executiva reagiu, alegando que essa seria uma demonstração de desconfiança. "O que
aconteceu com o Delúbio? Uma
denúncia falsa e mentirosa", argumentou o presidente do PT, José Genoino, dedicando "apoio e
confiança" a Delúbio. "O PT vai
para ofensiva para se defender perante seus filiados, seus militantes
e perante os eleitores do PT."
O secretário-geral do PT, Silvio
Pereira, também atacado por Jefferson, descartou até a idéia de remeter a denúncia ao comitê de
ética do PT: "Não há necessidade.
Não há nada contra ele".
Secretário de Relações Internacionais do partido, Paulo Ferreira
afirma que "Delúbio é quadro da
confiança do partido e seu afastamento não está em pauta".
CPI dos Correios
Esse não foi o único ponto de
discórdia entre PT e governo. A
cúpula do partido discordou do
apoio da bancada à CPI dos Correios. Ferreira deixou evidente esse desconforto na saída da reunião, afirmando que a "bancada
já decidiu e, diante da situação, a
Executiva apoiará a CPI".
Genoino, por sua vez, disse que,
"mesmo mantendo a avaliação de
que a CPI é palanque político eleitoral da oposição, vamos enfrentá-la". Para ele, a denúncia do
"mensalão" é restrita ao Congresso e que cabe à bancada do PT se
manifestar sobre as investigações.
Em reunião permanente desde
a noite de domingo -quando já
circulavam rumores sobre a entrevista de Jefferson à Folha-,
Genoino convocou para hoje, em
caráter de emergência, um encontro da Executiva do partido.
De lá, deverá sair uma resolução
em repúdio às denúncias de Jefferson. A Executiva deverá estudar medidas judiciais contra o deputado. A expectativa é que a esquerda do partido proponha a investigação rigorosa do caso.
A intenção, segundo Genoino, é
iniciar uma "ofensiva em defesa
do PT, do patrimônio ético" do
partido. Ontem, a reação dos filiados foi objeto de debate do comando do partido. Por isso, Genoino disse que o PT vai "atuar e
mostrar como tem agido em relação às denúncias de corrupção".
"Diante da falsidade, das invenções, das mentiras, vamos para a
ofensiva seja na CPI dos Correios,
na base do partido e vamos para
ofensiva no enfrentamento."
Chamando de "infundadas, inverídicas e estapafúrdias" as acusações de Jefferson, Genoino acusou os tucanos de tentarem transformar a CPI num palanque eleitoral. Em reposta aos governadores Aécio Neves (MG) e Geraldo
Alckmin (SP), disse que "essa crise não é do presidente Lula" nem
do governo. E atacou: "Esses dois
governadores estão apressados e
um pouco angustiados para precipitar o debate sucessório. Geraldo Alckmin poderia explicar, por
exemplo, por que 44 CPIs da Assembléia não foram instaladas até
hoje. O Aécio poderia explicar por
que engavetou a CPI da Saúde na
Assembléia de Minas".
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