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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"
Governador de Minas afirma que presidente ainda tem crédito e deve usá-lo para apurar corrupção
Lula não é Collor e merece nosso respeito, diz Aécio
MARCELO SALINAS
DA REDAÇÃO
Dizendo-se preocupado com a
desestabilização política do país, o
governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), defendeu ontem o histórico pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao
afirmar que "o presidente tem
uma história que merece o nosso
respeito. O presidente Lula não é
o presidente Collor".
Afinados com a estratégia tucana de defender a moderação e de
rechaçar a ameaça de impeachment de Lula, Aécio e o governador paulista, Geraldo Alckmin,
unificaram o discurso sobre a gravidade da crise política, a suposta
falta de "profissionalismo" da
gestão petista em comparação a
de tucanos e em favor da apuração das suspeitas que envolvem o
alto escalão do governo.
"Nós, do PSDB, que, em tese, seríamos beneficiários dessa fragilização do governo, e, além disso,
pela experiência de oito anos que
tivemos [na gestão Fernando
Henrique Cardoso], temos de ter
uma serenidade imensa neste instante. O governo vai mal do ponto
de vista gerencial e agora é acusado de grandes desvios, mas não
podemos deixar que isso contamine a vida do país", disse Aécio
em um programa transmitido ontem pela Bandnews FM, em que
Alckmin também participou.
O governador se referia à possibilidade de um pedido de impeachment de Lula, motivado por
setores do PFL pela denúncia de
um suposto esquema de pagamento de mesada a parlamentares em troca de apoio político, publicada pela Folha anteontem.
Sintonia
Tanto Alckmin quanto Aécio
evitaram atacar Lula abertamente, mas procuraram reforçar a
idéia de que São Paulo e Minas seriam exemplos de "profissionalismo" na gestão pública, o que, segundo disseram, inibiria a corrupção e o fisiologismo.
"É preciso que haja profissionalismo na administração pública.
A ineficiência é o primeiro passo
para que haja desvio de conduta",
afirmou o governador paulista.
Aécio disse o mesmo, em outras
palavras: "Acho que, no momento em que o chefe do Executivo dá
o exemplo, há condições morais
para enfrentar pressões de determinados aliados. Em Minas,
montamos um governo absolutamente profissionalizado".
O governador mineiro, em alusão indireta à desarticulação da
base aliada ao governo, disse que
"quando se monta um governo
fundado na lógica de atendimento aos correligionários e aos derrotados, têm-se, em seu próprio
partido, muito mais dificuldade
para qualificar as indicações dos
outros [partidos] aliados".
Ao defender a CPI dos Correios,
Aécio disse que Lula ainda tem a
confiança da população: "O presidente tem apenas um caminho, e
deve segui-lo em razão da credibilidade que ainda tem com os brasileiros: pedir que as investigações
sejam feitas com isenção e responsabilidade pelo Congresso".
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