São Paulo, quinta-feira, 08 de junho de 2006

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Da ala mais radical do PT, coordenador defende fim da "propriedade privada"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL

A militância deve "despertar sua rebeldia" e não pode temer o confronto aberto. Invasões de prédios públicos devem ser toleradas. O MLST (Movimento de Libertação dos Sem Terra) é uma entidade democrática, cuja ocupação do Ministério da Fazenda, em abril de 2005, foi exemplo de ação para combater a política econômica. São esses os princípios norteadores de dois manifestos que tiveram o dedo de Bruno Maranhão.
Em um deles, da corrente Brasil Socialista, liderada por Maranhão, é dada a receita para chegar à "revolução socialista". Ela virá "seja através de formas de luta que confrontam diretamente o poder dos grandes proprietários rurais e o governo federal, como ocupações de terra e dos prédios públicos, seja através da organização de cooperativas de produção ou empresas agrícolas comunitárias".
No texto, que data do final do governo Fernando Henrique Cardoso, a corrente prega o "processo revolucionário", a "supressão da propriedade privada dos meios de produção" e o "desmantelamento do Estado burguês" como instrumentos de transformação da sociedade. O Brasil Socialista é um grupo minoritário no PT, desfalcado depois da migração de petistas da extrema esquerda ao PSOL.
Outro manifesto, escrito para a eleição interna do diretório nacional, em 2005, diz que o socialismo se constrói "como ação coletiva que se utiliza das mais variadas formas de luta". E sentencia: "o capitalismo quer perpetuar a opressão".
No texto, o MLST, liderado por Maranhão, recebe duas citações elogiosas. Primeiro quando é mencionada a luta para mudar o modelo econômico. "É uma luta que permite mobilizar amplas massas em ações políticas poderosas, como a ocupação do Ministério da Fazenda pelo MLST, [...] que teve um nítido caráter de combate à política econômica."
Em outro ponto, o texto petista pede que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva faça um "chamamento" a entidades democráticas, para que consiga apoio a um programa de "transformações sociais". Entre as entidades citadas está o MLST.
Na ótica do agrupamento de Maranhão, o socialismo é uma "ação revolucionária, que será obra de milhões." A maior expressão dessa ação seria a luta pela reforma agrária, "hoje a única realmente nacional e massiva no país".
O texto pede que a militância petista saia do comodismo. "Neste momento tão delicado da vida do PT não caberá nenhuma postura de comodismo, que não fomente na militância o despertar de sua rebeldia".
A militância não deve procurar o confronto aberto, mas há uma ressalva. "O temor [do confronto] não pode ser o fator determinante das nossas políticas". (FÁBIO ZANINI E MALU DELGADO)

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