PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que os invasores do Congresso "extrapolaram os limites impostos pela democracia", cometeram "vandalismo" e por isso irão "pagar o preço".
"O que vimos não foi uma cena de democracia, foi uma cena de vandalismo, foi uma cena de pessoas que perderam o limite da responsabilidade no trato da coisa pública", afirmou, em cerimônia para envio de projeto ao Congresso que altera a Lei do Audiovisual, no Palácio do Planalto.
O presidente chegou a dizer que ele já teve pouco apreço pelo Legislativo, mas que sempre respeitou os limites. "As pessoas podem até não gostar do Congresso, fui deputado quatro anos e desisti porque não quis mais ser deputado. Mas todos nós aqui somos testemunhas de que este país era menos seguro e menos gratificante quando a gente não tinha o Congresso funcionando, fechado pelo autoritarismo." Lula não comentou o fato de o líder da invasão, Bruno Maranhão, ser dirigente do PT e já ter sido admitido em seu gabinete, mas disse depois que cabe ao partido cuidar da questão. "Deixa isso para o PT resolver", respondeu, sobre a eventual expulsão partidária de Maranhão.
"Na medida que extrapolarmos os limites impostos pela democracia estaremos cometendo atos ilegais e, portanto, estaremos à disposição de pagar o preço de desrespeitar a democracia. O que aconteceu não foi um movimento reivindicatório, até porque não apresentaram pauta."
"Não faz parte da cultura política e da visão de democracia que todos nós acreditamos. Quem praticou vandalismo pagará", disse ele, que antes, em encontro com líderes partidários, elogiara a decisão do presidente Aldo Rebelo (Câmara) de mandar prender os invasores.
Apesar do revés -Maranhão freqüentava o Planalto-, Lula disse que não mudará sua política em relação aos movimentos sociais.


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