|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Advogado de Dirceu atuou para Dantas no caso Kroll
José Luís Oliveira Lima advogou para o banqueiro por pelo menos cinco meses
Advogado diz que quando assumiu a defesa do petista já não trabalhava mais
no inquérito penal contra o dono do banco Opportunity
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O atual advogado do ex-ministro José Dirceu (PT-SP), José Luís Oliveira Lima, trabalhou pelo menos cinco meses
na defesa do banqueiro Daniel
Dantas (Opportunity) durante
as investigações do caso Kroll
-espionagem de autoridades
brasileiras supostamente encomendada pelo banqueiro.
Lima foi o terceiro advogado
com alguma relação com o PT
contratado pela Brasil Telecom
(BrT) -então sob administração do Opportunity. Também
foram contratados Antônio
Carlos Almeida Castro, amigo
do ex-ministro, e Roberto Teixeira, compadre do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva.
Em depoimento ontem na
CCJ (Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania) do Senado, Dantas admitiu a possibilidade de as contratações terem
sido uma tentativa de aproximar a BrT do governo federal.
Ele negou ter indicado nomes.
"Se me perguntarem se havia
uma expectativa da Brasil Telecom de, ao contratar advogados
ligados ao PT, atenuar o relacionamento difícil com o governo, posso dizer que é bem
possível que tivesse havido. Pode ser, mas não tomei conhecimento", afirmou Dantas.
Entre os advogados, Castro,
conhecido como Kakay, abocanhou a maior fatia dos honorários pagos: R$ 7,987 milhões.
Lima fechou o contrato por
R$ 1 milhão e, após renegociação, recebeu R$ 500 mil. Teixeira ficou com R$ 1 milhão.
Os advogados
Lima afirmou que, no período em que trabalhou para Dantas, não tinha nenhum contato
com o ex-ministro. Disse que
assumiu o caso Kroll em dezembro de 2004. Recebeu a primeira parcela de R$ 300 mil no
dia 27 de dezembro de 2004 e a
segunda em 27 de abril de
2005, quando parou de atuar.
Em julho de 2005, foi indicado pelo tio e ex-ministro da
Justiça, José Carlos Dias, para
assumir a defesa de Dirceu.
"Quando fui nomeado advogado de Dirceu, já não trabalhava
para a Brasil Telecom. É importante que isto fique claro."
Sobre a diferença entre os valores pagos pela Brasil Telecom
a ele e a Kakay, Lima afirmou
que a definição dos honorários
é uma "questão de foro íntimo".
"Cobro o que acho razoável.
Pode ser talvez que o Kakay, à
época, tivesse uma notoriedade
maior do que a minha, não sei."
No inquérito que tramitou
na 5ª Vara Federal Criminal de
São Paulo, referente ao caso
Kroll, a atuação de Lima é bastante mais visível se comparada à de Kakay. Pelo menos, nas
quatro principais peças do inquérito (um habeas corpus
contra o pedido de prisão e três
mandados de segurança para
impedir a abertura de documentos recolhidos da BrT), não
há a assinatura de Kakay.
Kakay diz que teve muitas
reuniões com os executivos da
BrT, acompanhou os depoimentos de Dantas e da ex-presidente da tele Carla Cico e que
assinou várias petições.
Acrescentou que, apesar de
não ter assinado, foi dele a idéia
de impetrar mandado de segurança que resultou na liminar
que impediu que os discos rígidos dos computadores do Opportunity fossem analisados
pela PF. "Foi a nossa maior vitória nesse caso. Tivemos muitas reuniões, foram várias petições. É inexplicável dizer que
eu não trabalhei", disse Kakay.
Ele ressalta que as pessoas
superdimensionam sua amizade com Dirceu e esquecem das
inúmeras autoridades que já
defendeu, como sete ministros
do governo anterior. Kakay disse que os valores cobrados da
Brasil Telecom estão no mesmo nível que os de muitos outros clientes que já defendeu.
Kakay trabalhou também no
desdobramento da compra da
CRT pela BrT -apesar de a
operação ter sido fechada em
1999, o Opportunity, recentemente, levantou a hipótese de
ter havido elevação artificial
nos valores pagos para atender
a interesses políticos.
Ainda no depoimento à CCJ,
Dantas disse ter tido conhecimento dos valores pagos pela
BrT após os contratos terem sido fechados. Segundo ele, Kakay pode ter cobrado um preço
alto porque estava sendo disputado pelos adversários dele, os
acionistas da BrT.
A denúncia apresentada pela
atual diretoria da BrT é contra
Dantas, acusado de ter usado
dinheiro da tele para a defesa
pessoal dele. Os advogados não
são investigados. Numa proposta de trabalho enviada por
Lima via e-mail à BrT, fica claro
que o advogado iria atuar na
"interposição de todas as medidas judiciais visando resguardar os interesses do sr. Daniel
Valente Dantas".
Texto Anterior: Dantas diz a senadores que PT pressionou Opportunity Próximo Texto: Toda Mídia Índice
|