São Paulo, quinta-feira, 08 de julho de 2004

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ELEIÇÕES 2004/PATRIMÔNIO

Patrimônio de Kassab cresceu 316% no período em que foi eleito para Assembléia e atuou na gestão Pitta; Serra diz não ver problemas

Promotoria investigará bens do vice de Serra

RUBENS VALENTE
LILIAN CHRISTOFOLETTI
MURILO FIUZA DE MELO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Promotoria de Justiça da Cidadania de São Paulo determinou a abertura de inquérito civil para investigar eventual enriquecimento ilícito do deputado federal Gilberto Kassab (PFL), candidato a vice-prefeito de São Paulo na chapa do tucano José Serra.
Além do parlamentar, também será alvo da investigação o deputado estadual Rodrigo Garcia (PFL), 30, seu sócio em vários empreendimentos. Garcia foi chefe-de-gabinete de Kassab no período em que ele ocupou a Secretaria de Planejamento da administração Celso Pitta (1997-2000).
O inquérito foi aberto com base na reportagem da Folha, publicada ontem, sobre a evolução patrimonial de Kassab. Entre 1994 e 1998, descontada a inflação, o patrimônio pessoal do deputado teve um salto de 316%. Nesse período, Kassab foi eleito deputado estadual e trabalhou, por um ano e três meses, no governo Pitta.
O patrimônio declarado em 94 era de R$ 102 mil, em valores da época. Quatro anos depois, atingiu R$ 985 mil. Na declaração entregue nesta semana ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral), o valor é de R$ 3,9 milhões.
Kassab, que atribui o crescimento de bens à sua atividade empresarial, afirmou ontem não ver problemas na abertura da investigação. Garcia, sócio de Kassab, disse que o início de seu patrimônio foi uma transferência de bens de seu pai, um ex-industrial.
Serra disse não ver problema no crescimento do patrimônio pessoal de seu vice. "Ele tem todas as explicações e deve apresentar todas. Não é questão de eu concordar, é um fato. Não vejo problema [na variação patrimonial de Kassab]", disse Serra, que caminhou ontem pelo centro de São Paulo.
"A variação de renda é algo que cada um deve demonstrar com muita facilidade, sendo a declaração bem feita", disse Serra, que afirmou não ter tratado do tema com o vice. O pefelista não foi à caminhada. Estava em Brasília.
Serra foi contra a indicação de Kassab para a sua vice e ameaçou não ir à convenção do PSDB que o escolheu candidato.
O ex-ministro defendia que o cargo fosse entregue ao secretário estadual de Juventude, Esporte e Lazer, Lars Grael, ou ao secretário de Justiça, Alexandre de Moraes, mas o PFL não concordou.
Serra disse que o fato não irá atrapalhar sua campanha. Aliados do tucano, porém, afirmam que se reunirão com Kassab para lhe pedir explicações. O sentimento hoje na cúpula do PSDB paulista é que não há razão para pedir que Kassab deixe a vice.


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