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ELEIÇÕES 2004/PATRIMÔNIO
Patrimônio de Kassab cresceu 316% no período em que foi eleito para Assembléia e atuou na gestão Pitta; Serra diz não ver problemas
Promotoria investigará bens do vice de Serra
RUBENS VALENTE
LILIAN CHRISTOFOLETTI
MURILO FIUZA DE MELO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Promotoria de Justiça da Cidadania de São Paulo determinou
a abertura de inquérito civil para
investigar eventual enriquecimento ilícito do deputado federal
Gilberto Kassab (PFL), candidato
a vice-prefeito de São Paulo na
chapa do tucano José Serra.
Além do parlamentar, também
será alvo da investigação o deputado estadual Rodrigo Garcia
(PFL), 30, seu sócio em vários empreendimentos. Garcia foi chefe-de-gabinete de Kassab no período
em que ele ocupou a Secretaria de
Planejamento da administração
Celso Pitta (1997-2000).
O inquérito foi aberto com base
na reportagem da Folha, publicada ontem, sobre a evolução patrimonial de Kassab. Entre 1994 e
1998, descontada a inflação, o patrimônio pessoal do deputado teve um salto de 316%. Nesse período, Kassab foi eleito deputado estadual e trabalhou, por um ano e
três meses, no governo Pitta.
O patrimônio declarado em 94
era de R$ 102 mil, em valores da
época. Quatro anos depois, atingiu R$ 985 mil. Na declaração entregue nesta semana ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral), o valor
é de R$ 3,9 milhões.
Kassab, que atribui o crescimento de bens à sua atividade
empresarial, afirmou ontem não
ver problemas na abertura da investigação. Garcia, sócio de Kassab, disse que o início de seu patrimônio foi uma transferência de
bens de seu pai, um ex-industrial.
Serra disse não ver problema no
crescimento do patrimônio pessoal de seu vice. "Ele tem todas as
explicações e deve apresentar todas. Não é questão de eu concordar, é um fato. Não vejo problema
[na variação patrimonial de Kassab]", disse Serra, que caminhou
ontem pelo centro de São Paulo.
"A variação de renda é algo que
cada um deve demonstrar com
muita facilidade, sendo a declaração bem feita", disse Serra, que
afirmou não ter tratado do tema
com o vice. O pefelista não foi à
caminhada. Estava em Brasília.
Serra foi contra a indicação de
Kassab para a sua vice e ameaçou
não ir à convenção do PSDB que o
escolheu candidato.
O ex-ministro defendia que o
cargo fosse entregue ao secretário
estadual de Juventude, Esporte e
Lazer, Lars Grael, ou ao secretário
de Justiça, Alexandre de Moraes,
mas o PFL não concordou.
Serra disse que o fato não irá
atrapalhar sua campanha. Aliados do tucano, porém, afirmam
que se reunirão com Kassab para
lhe pedir explicações. O sentimento hoje na cúpula do PSDB
paulista é que não há razão para
pedir que Kassab deixe a vice.
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