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TODA MÍDIA
Nelson de Sá
Um inimigo por dia
Bem que John Kerry avisou,
no "Miami Herald":
- Não tenho um bom pressentimento (sobre Kirchner).
O presidente argentino foi para
o conflito aberto com o Brasil. Era
manchete nos sites do "La Nación", "Clarín" e "Ambito Financiero" a ameaça de "ampliar (as
restrições) ao âmbito têxtil".
Enquanto ministros dos dois
países buscavam não "dramatizar", Néstor Kirchner dizia:
- O desenvolvimento (tem que
ocorrer) em todos os países do
Mercosul e não em um só.
Mas o Brasil não é seu único alvo. A Argentina abriu a reunião
do Mercosul propondo que o México seja aceito, mas como mero
"membro observador".
Enquanto isso, o mexicano Vicente Fox recebia de Lula apoio
empolgado à associação ao Mercosul, como se via, em destaque,
na CNN em espanhol.
E tem mais. A reação de Kirchner a Kerry veio, no "Ambito",
com um ministro argentino dizendo que o país "não tem por
que prestar atenção" ao presidenciável americano. Dias atrás,
Kirchner já havia trombado com
o assessor dos EUA para a América Latina, Roger Noriega.
E a cada dia tem mais. No dizer
do mesmo "Ambito", ontem,
"Kirchner fez seu inimigo do dia:
desta vez foi a Igreja". O presidente chamou a direção católica no
país de "hipócrita". Sem falar dos
ataques coléricos a Eduardo Duhalde, Raúl Alfonsín etc.
Por outro lado, o "Ambito"
anunciou no site que, "logo depois do episódio da aftosa" contra
o Brasil, o país obteve ontem do
Chile a reabertura das importações da carne argentina.
Coincidência ou não, segundo o
"Valor", as conversas entre os setores de eletroeletrônicos do Brasil e Argentina não deram certo,
levando às restrições, porque os
argentinos queriam "favorecer"
importações do Chile.
Nem todos os argentinos estão
com Kirchner. Em editorial, o "La
Nación" criticou ontem as restrições e cobrou "diálogo".
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REALMENTE O "New York Post" ironizou a si mesmo, na capa de ontem, copiando o desenho do dia anterior (imagem à esq.) e anunciando o vice correto de John Kerry (no centro). Dois detalhes: a palavra "realmente" na capa, em destaque, e a menção de que desta vez era de uma informação "não" exclusiva. O concorrente "Daily News" também reproduziu em parte o desenho do "Post", mas mudando a manchete para "A verdadeira escolha de Kerry" (imagem à dir.). Segundo relatos, a redação do "News" enviou vinho australiano à redação do "Post", com a mensagem "parabéns pelo furo"
HOMEM-ARANHA
Não foi do e-mail de John Kerry, enviado a seus apoiadores, o
"furo" de quem seria o vice. Foi, disse o "New York Times", de
um "blogger obscuro". Para ser mais exato, de "aerosmith", que
usa como identificação a imagem do Homem-Aranha
e colabora num blog de aviação. Ele entrou na noite de segunda
com a notícia de que o Boeing 757 de Kerry estava mudando a
pintura e acrescentando o nome de John Edwards como vice.
Madrugada
Da manchete do Jornal Nacional e dos demais:
- Senado aprova o texto da reforma do Judiciário.
Saiu, depois de tanto debate.
Saiu sobretudo depois de uma
longa noite, segundo o blog de
Jorge Bastos Moreno, na Globo
On Line:
- A madrugada fria de Brasília
permitiu vários encontros do governo e da oposição, típicos do
"Vai Passar" de Chico Buarque:
"A nossa pátria mãe tão distraída/
Sem perceber que era subtraída/
Em tenebrosas transações".
É que a oposição exigia, para garantir quórum às votações, a "liberação de suas emendas".
Modéstia
Mas nem tudo é tão tenebroso.
Outros destaques do dia, nas
manchetes do Jornal da Record e
de outros, eram que "o emprego
cresce na indústria brasileira" e "a
inflação fica mais baixa".
Um ministro de Lula chegou a
afirmar que só insiste na projeção
de crescimento de 3,5% no ano,
agora, "por modéstia".
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