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Globalprev nega benefícios do governo
JANAÍNA LEITE
ENVIADA ESPECIAL A INDAIATUBA
MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA
A Globalprev Consultores Associados publicou nota ontem contestando informações divulgadas
pela Prefeitura de Indaiatuba que
davam conta de uma explosão no
faturamento da empresa desde a
ascensão do atual governo.
Segundo os sócios da Globalprev, em 2003 houve um crescimento de 63% no faturamento da
empresa. Naquele ano, ele chegou
a R$ 1.051.609,59, de acordo com a
empresa. O total significou um incremento de R$ 406.442,78 sobre
o resultado de 2002.
No ano passado, a Globalprev
sustenta ter faturado R$
1.974.581,55, equivalente a uma
variação de 87,77% sobre o total
de 2003. "Jamais tivemos nenhuma influência do ministro Gushiken sobre as relações comercias
da empresa", afirmou Wanderley
José de Freitas, um dos sócios. O
ministro Luiz Gushiken, da Secom, foi sócio da Globalprev entre
1999 e 2002. Desligou-se antes de
assumir o atual cargo.
A Prefeitura de Indaiatuba, no
entanto, mantém as afirmações
passadas anteriormente, obtidas
de acordo com o valor de Imposto
de Renda pago pela Globalprev,
segundo a assessoria de imprensa
da prefeitura. Conforme a prefeitura, o faturamento de 2001 foi
inexistente porque a Globalprev
não declarou imposto. No período, a Globalprev defende que faturou R$ 738.522,49.
Em 2002, há nova discrepância
entre os números. A prefeitura diz
que o faturamento da consultoria
não ultrapassou R$ 151 mil. Já a
empresa afirma que o faturamento chegou a R$ 645.166,81. A assessoria informou que a negativa
da empresa pode resultar em processo judicial contra ela.
Nos demais anos (1999, 2000,
2003, 2004 e 2005), as informações da prefeitura e da Globalprev
são idênticas.
Governo
No mercado, a Globalprev é conhecida por suposta ligação com
o governo petista. A empresa, sediada em Indaiatuba, funciona
em um imóvel pertencente à esposa de Gushiken, Elisabeth Leonel Ferreira. O valor do aluguel é
R$ 1.479,68.
"Quanto ao fato de o aluguel ser
pago para a senhora Elisabeth, fomos informados pela locadora de
que o referido imóvel foi objeto de
uma nova partilha entre os herdeiros dos bens do senhor Acácio
Leonel Ferreira", disse a nota.
"Por tratar-se de negócio em família, (Elisabeth) não providenciou a transferência formal do
imóvel para seu nome."
Na avaliação de Augusto Tadeu
Ferrari, um dos administradores,
a empresa "morreu". "Esperávamos faturamento em 2005 entre
R$ 2,1 milhões e R$ 2,2 milhões,
mas dificilmente esse número será alcançado por causa da fragilidade que a empresa viverá após
esse episódio."
Augusto Tadeu não é sócio da
empresa. No papel, é seu filho,
Rafael Tadeu Ferrari, que assina
pela consultoria. Questionado sobre o motivo, Augusto Tadeu respondeu que era uma decisão pessoal por motivações familiares.
Na avaliação de Ferrari e Freitas
é inexplicável a atenção dedicada
pela imprensa aos negócios da
Globalprev. "Atuamos em um
mercado de consultoria atuarial
cujo líder detém fatia equivalente
a 25% e o segundo e o terceiro colocados, respectivamente, cerca
de 17% e de 12%. A nossa participação é de 0,9%", afirma a nota.
O cálculo foi feito a partir do número de fundos de pensão existentes no mercado brasileiro. Levando em conta o patrimônio dos
clientes, a estimativa de Freitas é
de que a participação da Globalprev não ultrapasse 0,5% do mercado. Isso porque, diz ele, o setor
deve gastar, por ano, cerca de R$
400 milhões em serviços do tipo
que a Globalprev presta.
Os sócios da Globalprev lamentaram a rescisão do contrato com
a Petros, fundo de pensão da Petrobras, para elaborar o plano de
previdência da Sanasa. Segundo
Augusto Tadeu Ferrari, o contrato rendia apenas R$ 3.000 por
mês. "Mas era algo em que a gente
acreditava, a possibilidade de
criar um produto que melhorasse
a previdência dos trabalhadores."
Ele e Freitas esclareceram ainda
que têm oito contratos em andamento fechados com seis entidades de previdência: Petros (Petrobras), Previ (Banco do Brasil),
Portus (Sistema Portuário), Cifrão (Casa da Moeda), Capaf
(Banco da Amazônia), além do
Postalis (Correios). Todos, dizem
Freitas e Ferrari, fechados após
2003. Mas eles negam influência
de Gushiken para beneficiar a
empresa. Segundo eles, há atuários que assinam pela empresa.
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