São Paulo, sexta-feira, 08 de julho de 2005

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Globalprev nega benefícios do governo

JANAÍNA LEITE
ENVIADA ESPECIAL A INDAIATUBA

MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA

A Globalprev Consultores Associados publicou nota ontem contestando informações divulgadas pela Prefeitura de Indaiatuba que davam conta de uma explosão no faturamento da empresa desde a ascensão do atual governo.
Segundo os sócios da Globalprev, em 2003 houve um crescimento de 63% no faturamento da empresa. Naquele ano, ele chegou a R$ 1.051.609,59, de acordo com a empresa. O total significou um incremento de R$ 406.442,78 sobre o resultado de 2002.
No ano passado, a Globalprev sustenta ter faturado R$ 1.974.581,55, equivalente a uma variação de 87,77% sobre o total de 2003. "Jamais tivemos nenhuma influência do ministro Gushiken sobre as relações comercias da empresa", afirmou Wanderley José de Freitas, um dos sócios. O ministro Luiz Gushiken, da Secom, foi sócio da Globalprev entre 1999 e 2002. Desligou-se antes de assumir o atual cargo.
A Prefeitura de Indaiatuba, no entanto, mantém as afirmações passadas anteriormente, obtidas de acordo com o valor de Imposto de Renda pago pela Globalprev, segundo a assessoria de imprensa da prefeitura. Conforme a prefeitura, o faturamento de 2001 foi inexistente porque a Globalprev não declarou imposto. No período, a Globalprev defende que faturou R$ 738.522,49.
Em 2002, há nova discrepância entre os números. A prefeitura diz que o faturamento da consultoria não ultrapassou R$ 151 mil. Já a empresa afirma que o faturamento chegou a R$ 645.166,81. A assessoria informou que a negativa da empresa pode resultar em processo judicial contra ela.
Nos demais anos (1999, 2000, 2003, 2004 e 2005), as informações da prefeitura e da Globalprev são idênticas.

Governo
No mercado, a Globalprev é conhecida por suposta ligação com o governo petista. A empresa, sediada em Indaiatuba, funciona em um imóvel pertencente à esposa de Gushiken, Elisabeth Leonel Ferreira. O valor do aluguel é R$ 1.479,68.
"Quanto ao fato de o aluguel ser pago para a senhora Elisabeth, fomos informados pela locadora de que o referido imóvel foi objeto de uma nova partilha entre os herdeiros dos bens do senhor Acácio Leonel Ferreira", disse a nota. "Por tratar-se de negócio em família, (Elisabeth) não providenciou a transferência formal do imóvel para seu nome."
Na avaliação de Augusto Tadeu Ferrari, um dos administradores, a empresa "morreu". "Esperávamos faturamento em 2005 entre R$ 2,1 milhões e R$ 2,2 milhões, mas dificilmente esse número será alcançado por causa da fragilidade que a empresa viverá após esse episódio."
Augusto Tadeu não é sócio da empresa. No papel, é seu filho, Rafael Tadeu Ferrari, que assina pela consultoria. Questionado sobre o motivo, Augusto Tadeu respondeu que era uma decisão pessoal por motivações familiares.
Na avaliação de Ferrari e Freitas é inexplicável a atenção dedicada pela imprensa aos negócios da Globalprev. "Atuamos em um mercado de consultoria atuarial cujo líder detém fatia equivalente a 25% e o segundo e o terceiro colocados, respectivamente, cerca de 17% e de 12%. A nossa participação é de 0,9%", afirma a nota.
O cálculo foi feito a partir do número de fundos de pensão existentes no mercado brasileiro. Levando em conta o patrimônio dos clientes, a estimativa de Freitas é de que a participação da Globalprev não ultrapasse 0,5% do mercado. Isso porque, diz ele, o setor deve gastar, por ano, cerca de R$ 400 milhões em serviços do tipo que a Globalprev presta.
Os sócios da Globalprev lamentaram a rescisão do contrato com a Petros, fundo de pensão da Petrobras, para elaborar o plano de previdência da Sanasa. Segundo Augusto Tadeu Ferrari, o contrato rendia apenas R$ 3.000 por mês. "Mas era algo em que a gente acreditava, a possibilidade de criar um produto que melhorasse a previdência dos trabalhadores."
Ele e Freitas esclareceram ainda que têm oito contratos em andamento fechados com seis entidades de previdência: Petros (Petrobras), Previ (Banco do Brasil), Portus (Sistema Portuário), Cifrão (Casa da Moeda), Capaf (Banco da Amazônia), além do Postalis (Correios). Todos, dizem Freitas e Ferrari, fechados após 2003. Mas eles negam influência de Gushiken para beneficiar a empresa. Segundo eles, há atuários que assinam pela empresa.


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