São Paulo, sexta-feira, 08 de julho de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ CPI DOS CORREIOS

CPI tem sessão mais tensa e barulhenta desde que foi instalada; Dirceu, Genoino, Delúbio e Silvinho põem sigilo à disposição

Deputados quebram sigilos de Jefferson

CLÁUDIA TREVISAN
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA

LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Na mais tensa, confusa e barulhenta sessão desde que foi instalada, a CPI dos Correios aprovou ontem a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ). Em seguida, manobra da bancada governista evitou que fosse votada a quebra dos sigilos dos petistas José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares e Silvio Pereira.
O argumento apresentado pelos petistas é que não seria necessário votar a quebra dos sigilos dos colegas de partido, já que eles encaminharam à CPI fax liberando acesso a seus dados. Ou seja, na prática a comissão vai poder averiguar dados bancários, telefônicos e fiscais de Dirceu, Genoino, Delúbio e Silvio Pereira.
Pela manhã, a CPI havia aprovado, sumariamente, com acordo e por unanimidade, 41 requerimentos, incluindo a convocação de Delúbio, ex-tesoureiro do PT, e a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico de dez empresas do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza, além de pedir uma lista dos titulares e dependentes de cartões de crédito ligados ao publicitário e de todos os vôos de aviões do Banco Rural ou fretados por Marcos Valério.
A discussão sobre a quebra dos sigilos durou três horas, marcadas por gritos, ofensas e acusações. A sessão foi suspensa, reuniões paralelas foram realizadas e a campainha de silêncio não parava de soar. O acesso aos dados de Jefferson acabou aprovado por 18 dos 32 membros da CPI.
A votação desse requerimento tinha ficado para a próxima semana, mas foi solicitada pela senadora Ideli Salvatti (PT-SC) antes do depoimento de Fernanda Karina Somaggio, ex-secretária do publicitário Marcos Valério.
Salvatti se disse indignada pela interpretação da imprensa de que a CPI estava acuada pela entrevista de Jefferson a Jô Soares na qual ele disse que integrantes da comissão recebiam o "mensalão".
A oposição concordou com a votação, desde que fossem analisados também os pedidos relativos a Dirceu, ex-ministro da Casa Civil, Genoino, presidente do PT, Delúbio Soares, ex-tesoureiro do partido e Silvio Pereira, ex-secretário-geral da legenda.
Assim que o requerimento de quebra de sigilo de Jefferson foi aprovado, a oposição pediu que fossem votados os pedidos que atingiam petistas.
O senador Sibá Machado (PT-AC) anunciou que havia falado com Genoino, Delúbio e Pereira e os três já haviam enviado faxes colocando seus sigilos fiscal, telefônico e bancário à disposição da CPI. Faltava apenas Dirceu.
Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) havia se recusado a votar o requerimento de quebra de sigilo de seu correligionário Jefferson. "Não vou votar o requerimento se não tiver junto o do Delúbio, José Dirceu, Genoino e Silvio Pereira".
Jorge Bittar (PT-RJ) direcionou sua fúria ao PFL e ao PSDB: "Quem torturou e matou nesse país, promoveu a ditadura militar e comprou voto no governo Fernando Henrique Cardoso não tem moral para acusar o PT".
A resposta veio do senador tucano Sérgio Guerra (PSDB-PE). "O deputado Bittar não foi tão ofensivo com o Roberto Jefferson. Pelo contrário, foi amarelado", disse, falando da suavidade com que o petista inquiriu o petebista durante depoimento na CPI.
A resposta de Dirceu veio 15 minutos antes das 16h, quando Sibá entregou fax com compromisso de Dirceu de abertura de seus sigilos ao presidente da CPI, senador Delcídio Amaral (PT-MS).
Delcídio leu nota de Jefferson em que diz que não se referia a integrantes da CPI dos Correios em sua entrevista a Jô Soares. Ao mesmo tempo, questiona a "autoridade" para julgá-lo de integrantes de PP, PL e PT.
Também foram aprovadas ontem as convocações de Renilda Fernandes de Souza, mulher do publicitário Marcos Valério, Geiza Dias dos Santos, funcionária da SMP&B, que teria feito saques no Banco Rural, e da diretora financeira da empresa, Simone Reis Vasconcelos.


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