PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

A disputa eleitoral em Minas Gerais fez o ex-presidente Itamar Franco, 76, deixar o PMDB pela quarta vez. Anteontem, ele entregou documento de três linhas ao diretório do partido em Juiz de Fora, comunicando a sua desfiliação.
Segundo João César Novais, coordenador do PMDB em Juiz de Fora, o ex-presidente não explicou os motivos que o levaram a sair do partido. Mas eles são conhecidos.
O PMDB mineiro derrotou Itamar na disputa contra o ex-governador Newton Cardoso pela candidatura ao Senado. Ele teve apenas 25% dos votos peemedebistas, contra 69% dados a Newton, seu desafeto. Pesquisas de intenção de votos indicavam que Itamar era o favorito para vencer a disputa pelo Senado. E teria ainda o apoio de Aécio Neves (PSDB).
Além de escolher Newton, o PMDB também formou aliança com o PT e apóia a candidatura do petista Nilmário Miranda contra a reeleição de Aécio.
Aliado do governador, Itamar deixou o PMDB para ficar livre na disputa eleitoral. Segundo um itamarista, o ex-presidente pode ficar sem partido para trabalhar por Aécio e contra a candidatura de Newton.
Sobre o seu candidato à Presidência, ele nunca sinalizou, mas a interferência de Lula na aliança PT-PMDB pode tê-lo afastado de vez da intenção de apoiar a reeleição do petista.
O ex-presidente não se pronunciou ontem. Do grupo de Itamar, o deputado federal Marcelo Siqueira (PMDB) disse que "o PMDB não quis Itamar pela quarta vez".
A primeira vez que Itamar deixou o PMDB foi em 1986, quando Newton saiu candidato ao governo de Minas. Em 1999, ele deixou o partido que apoiava a gestão tucana na presidência, enquanto Itamar combatia duramente FHC. Em junho de 2002, saiu para apoiar Lula para presidente e Aécio para governador. Havia retornado ao PMDB em setembro de 2003.
Neste ano, antes de pleitear o Senado, ele se apresentou para ser candidato a presidente, mas não levou adiante a intenção.


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