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Governo segura divulgação de aumento de devastação
Objetivo seria evitar "interpretações dramáticas"
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um novo aumento na área de
desmatamento da Amazônia
detectada pelo Inpe (Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais) e a tentativa de evitar o
uso político dos dados são os
motivos para o atraso na divulgação dos números de maio do
Deter, o sistema que capta o
abate de árvores em tempo real
e que baseou o alerta de janeiro.
Em abril, o Deter havia captado um recorde de 1.123 km2
de desmatamento, uma área
equivalente ao município do
Rio de Janeiro. Em maio, apesar das medidas de combate à
devastação da floresta, os satélites do Inpe captaram uma
área ainda maior, segundo apurou a Folha.
Os dados estão em análise na
Casa Civil, confirmou ontem a
assessoria da ministra Dilma
Rousseff. Eles só serão divulgados após serem apresentados
ao presidente Luiz Inácio Lula
da Silva. Essa apresentação não
tem data marcada.
O objetivo do governo é reduzir o impacto da divulgação
da informação e, sobretudo,
evitar interpretações consideradas "dramáticas".
O Deter é um sistema rápido
de detecção do desmatamento
e não se presta a medir a área
total devastada. Embora seja
menos preciso, capta também
áreas de floresta submetidas à
chamada degradação progressiva, e não apenas o corte raso
de árvores, método tradicional
de desmatamento.
Segundo estimativa feita no
mês passado pelo ministro
Carlos Minc (Meio Ambiente),
o saldo do ano, a ser contabilizado pelo sistema Prodes até o
final de julho, deverá alcançar
14 mil quilômetros quadrados.
Isso representaria um aumento de 25% no índice anual, depois de três anos consecutivos
de queda na taxa.
O diretor do Inpe, Gilberto
Câmara, negou ontem que haja
pressão da cúpula do governo
para censurar os dados. "Como
os dados estão na boca do povo,
é necessário explicar direitinho
as características do desmatamento e evitar conclusões precipitadas", afirmou.
Segundo a Embrapa Monitoramento por Satélite, não há
fonte alternativa ao Inpe para
detectar áreas de desmatamento na Amazônia. A Embrapa
deverá participar, no entanto,
da explicação dos dados de abate de árvores. Caberá à autarquia vinculada ao Ministério da
Agricultura, por exemplo,
apontar o destino dado a áreas
desmatadas.
(MS)
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