São Paulo, terça-feira, 08 de julho de 2008

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Governo segura divulgação de aumento de devastação

Objetivo seria evitar "interpretações dramáticas"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um novo aumento na área de desmatamento da Amazônia detectada pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e a tentativa de evitar o uso político dos dados são os motivos para o atraso na divulgação dos números de maio do Deter, o sistema que capta o abate de árvores em tempo real e que baseou o alerta de janeiro.
Em abril, o Deter havia captado um recorde de 1.123 km2 de desmatamento, uma área equivalente ao município do Rio de Janeiro. Em maio, apesar das medidas de combate à devastação da floresta, os satélites do Inpe captaram uma área ainda maior, segundo apurou a Folha.
Os dados estão em análise na Casa Civil, confirmou ontem a assessoria da ministra Dilma Rousseff. Eles só serão divulgados após serem apresentados ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Essa apresentação não tem data marcada.
O objetivo do governo é reduzir o impacto da divulgação da informação e, sobretudo, evitar interpretações consideradas "dramáticas".
O Deter é um sistema rápido de detecção do desmatamento e não se presta a medir a área total devastada. Embora seja menos preciso, capta também áreas de floresta submetidas à chamada degradação progressiva, e não apenas o corte raso de árvores, método tradicional de desmatamento.
Segundo estimativa feita no mês passado pelo ministro Carlos Minc (Meio Ambiente), o saldo do ano, a ser contabilizado pelo sistema Prodes até o final de julho, deverá alcançar 14 mil quilômetros quadrados. Isso representaria um aumento de 25% no índice anual, depois de três anos consecutivos de queda na taxa.
O diretor do Inpe, Gilberto Câmara, negou ontem que haja pressão da cúpula do governo para censurar os dados. "Como os dados estão na boca do povo, é necessário explicar direitinho as características do desmatamento e evitar conclusões precipitadas", afirmou.
Segundo a Embrapa Monitoramento por Satélite, não há fonte alternativa ao Inpe para detectar áreas de desmatamento na Amazônia. A Embrapa deverá participar, no entanto, da explicação dos dados de abate de árvores. Caberá à autarquia vinculada ao Ministério da Agricultura, por exemplo, apontar o destino dado a áreas desmatadas. (MS)


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