DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Na sessão solene para comemorar os 15 anos do Plano Real, realizada ontem no Congresso, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), na sua chegada, afirmou que não gostaria de comentar a crise no Senado porque "em casa de enforcado não se fala em corda".
O comentário foi feito pouco antes de FHC ser conduzido ao gabinete do presidente José Sarney (PMDB-AP), que está no centro das denúncias que assolam a Casa.
Em seu discurso no plenário, FHC também não se referiu diretamente ao Senado: "Eu acho que o futuro que precisamos divisar para o Brasil, como sociedade, é um futuro de mais -vou usar uma palavra talvez não muito adequada- decência, frugalidade, simplicidade". Ainda sem citar especificamente o Senado, FHC declarou não ser possível continuar com "tantos vaivéns, com tanta ostentação, com tanto desperdício, com tanta miudeza".
Em entrevista, FHC se queixou do fato de o presidente Lula nunca ter reconhecido os benefícios do plano: "Eu seria injusto se dissesse que ele está apenas surfando [na onda do Real]. Não. Ele usou e não reconheceu. Até agora ele nunca disse uma palavra de reconhecimento aos benefícios que o Real e tudo o que fizemos no meu governo trouxeram para o Brasil. Mas ele fez também a parte dele. Eu não quero ser como o PT foi comigo", disse.
A comemoração do plano reuniu no plenário do Senado os governadores Aécio Neves (Minas Gerais), Yeda Crusius (Rio Grande do Sul) e Anchieta Júnior (Roraima), o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes, e os economistas Winston Fritsch, Gustavo Franco, Edmar Bacha e Rubens Ricupero, além de parlamentares, sobretudo os de siglas da oposição. As principais ausências foram a do governador de São Paulo, José Serra, e a do ex-presidente Itamar Franco.
(LETÍCIA SANDER)


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