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PF vai abrir inquérito para investigar 663 atos secretos
A pedido de Procuradoria, cada ato será analisado para identificação dos responsáveis
Sindicância do Senado levou à abertura de processo contra ex-diretores Agaciel e Zoghbi, mas não revelou motivo de sigilo de atos
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Polícia Federal vai abrir inquérito para investigar de
quem é a responsabilidade pelos 663 atos secretos editados
pelo Senado nos últimos 14
anos. Muitos dos atos foram
usados para nomear e exonerar
parentes de senadores e conceder benefícios a servidores.
O pedido partiu do Ministério Público Federal do Distrito
Federal, que determinou análise individual de cada um dos
atos apontados por uma comissão da Casa como secretos. A
medida é "imprescindível para
identificar e responsabilizar os
culpados pelos crimes cometidos", informou a Procuradoria.
Caso o inquérito aponte o envolvimento de qualquer autoridade com foro privilegiado, no
caso senadores, os trabalhos serão remetidos à Procuradoria
Geral da República.
Comissão de sindicância do
Senado responsabilizou sete
servidores da Casa pelos atos
secretos, o que levou abertura
de processo administrativo
contra os ex-diretores Agaciel
Maia e João Carlos Zoghbi, entre outros. Mas não avançou a
ponto de revelar o motivo da
não publicação dos atos.
Os envolvidos serão investigados pela prática dos crimes
de peculato, inserção de dados
falsos em sistema de informações, corrupção passiva privilegiada e prevaricação.
A Mesa Diretora do Senado
decidiu ontem anular mais um
ato secreto de 2006 que garantiria reajuste salarial para 40
chefes de gabinete de secretarias. O diretor-geral, Haroldo
Tajra, não soube dizer se algum
servidor foi beneficiado, mas
afirmou que, se isso ocorreu, o
dinheiro terá que ser devolvido.
O reajuste não foi automático porque era um ato secreto
que serviria para beneficiar
apenas algumas pessoas. Dos
663 atos secretos, apenas 2 foram cancelados.
A Mesa determinou ontem a
transferência da movimentação dos recursos do plano de
saúde dos servidores da Casa
para o Siafi (sistema de acompanhamento dos gastos públicos). Também foi nomeado um
novo conselho para fiscalizar os
recursos que será presidido pelo vice-presidente do Senado,
Marconi Perillo (PSDB-GO).
A movimentação da conta,
porém, continuará a ser feita só
pelo diretor-geral e o diretor do
SIS (Sistema Integrado de Saúde). Foi a primeira reunião da
Mesa, presidida por José Sarney (PMDB-AP), após o agravamento da crise na instituição.
A Folha revelou no domingo
a existência de três contas
abertas do Senado no Banco do
Brasil e na Caixa Econômica
Federal com saldo de R$ 160
milhões. Como estão fora do
Siafi, a movimentação das contas não pode ser acompanhada.
O conselho de supervisão,
que deve fiscalizar os recursos,
não se reúne há mais de cinco
anos e era composto até por
um servidor que morreu. Com
isso, os recursos vinham sendo
movimentados por Agaciel
sem qualquer controle.
Outra decisão da Mesa atinge diretamente os senadores,
que terão de comunicar ao Senado o endereço dos escritórios políticos mantidos nos Estados com dinheiro da verba indenizatória. A minuta que está em discussão prevê que só
poderão trabalhar nos Estados
servidores comissionados e dos
gabinetes parlamentares.
Sarney retomou sua rotina
numa tentativa de demonstrar
que o seu cargo não está mais
em discussão. Ele presidiu pela
primeira vez uma sessão deliberativa, de votação, na qual a
crise não entrou na pauta. O PT
adiou para hoje reunião que
definirá a posição da bancada
sobre o apoio a Sarney.
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