São Paulo, quarta-feira, 08 de julho de 2009

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Notas frias encobriram propina, diz MPF

Procurador afirma que esquema simulava retirada de recursos do grupo Opportunity; advogados negam

FLÁVIO FERREIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O Ministério Público Federal afirma que o dinheiro usado por emissários do banqueiro Daniel Dantas para tentar subornar policiais que coordenavam a Operação Satiagraha foi "esquentado" contabilmente por meio de contratos simulados e notas fiscais frias. A acusação foi feita na denúncia oferecida à Justiça Federal de São Paulo na última sexta-feira.
Segundo a acusação formal apresentada pelo procurador da República Rodrigo de Grandis, a empresa Igbraz, que pertence ao executivo Humberto José Rocha Braz, foi a principal peça de um esquema de simulações para encobrir a origem e o objetivo dos recursos utilizados para tentar corromper os policiais federais.
Braz e o empresário Hugo Chicaroni foram condenados a sete anos de prisão, e Dantas a dez anos, em decisão de primeira instância do juiz da 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo, Fausto Martin De Sanctis, pelo oferecimento de suborno aos delegados da Polícia Federal.
Os acusados de corrupção ativa negam o crime e suas defesas já apresentaram recurso ao TRF (Tribunal Regional Federal) da 3ª Região.
O texto da nova denúncia indica que "merece destaque, em ordem a demonstrar o grau de articulação do grupo criminoso chefiado por Daniel Valente Dantas, a constatação de que notas fiscais emitidas pelas empresas de Humberto Braz foram utilizadas para dissimular a retirada de recursos do grupo Opportunity, os quais foram oferecidos ao delegado de Polícia Federal Victor Hugo Rodrigues Alves Ferreira".
O advogado de Braz, Renato de Moraes, disse ontem que a acusação da procuradoria não tem fundamento. "Todos os serviços de consultoria prestados pela Igbraz ao grupo Opportunity foram efetivamente realizados, nunca foram simulados. O que se infere de qualquer diálogo é uma interpretação que não corresponde à verdade. Em nenhum momento qualquer atividade da empresa Igbraz teve relação com alguma atividade ilícita ou relação com o episódio que redundou no processo sobre corrupção. Isso é fruto de uma articulação equivocada do Ministério Público Federal".
Andrei Zenkner Schmidt, advogado de Daniel Dantas e do grupo Opportunity, afimou ontem: "negamos peremptoriamente, seja por essa empresa [Igbraz] ou qualquer outra empresa, ou por meio de qualquer outra prática, qualquer disponibilização de valores [para corromper policiais]".


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