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PF confirma ligação de libanês com Al Qaeda
Delegado diz na Câmara que K. utilizava a internet no Brasil para recrutar militantes em outros países
LUCAS FERRAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O delegado da Polícia Federal Daniel Lorenz confirmou
ontem, em audiência na Câmara, que o libanês K., que ficou
preso em São Paulo acusado de
propagar ideais racistas na internet, tem ligações com a organização terrorista Al Qaeda.
Segundo Lorenz, que até a última semana chefiava o Departamento de Inteligência da PF,
K. utilizava a rede para recrutar
e treinar militantes em outros
países, além de dar apoio logístico e fazer reconhecimento de
potenciais alvos terroristas.
Em maio, o colunista da Folha Janio de Freitas informou
que um integrante da Al Qaeda
tinha sido preso no Brasil. Para
preservar o sigilo da operação,
escreveu o jornalista, a PF atribuiu a prisão a uma investigação sobre células nazistas.
Dois dias depois, a Folha revelou que a PF via ligações do
libanês com a Al Qaeda, que
tem como líder Osama bin Laden. A PF e o ministro Tarso
Genro (Justiça) negaram.
"Temos a percepção de que
há estrangeiros, a exemplo de
K., que estão a executar ações
de recrutamento, treinamento,
apoio logístico e reconhecimento para ações terroristas
ainda fora do país. Utilizavam o
Brasil, como um lugar tranquilo, para ajudar organizações
terroristas", disse o delegado.
"Aquilo nos frustou", disse
Lorenz, referindo-se à informação dada pela Folha. "Não
era o momento de trazer à baila
a ligação dele com a Al Qaeda."
O libanês, que vive em São
Paulo com a mulher e filha brasileiras, é dono de LAN houses
e, segundo a PF, coordenava o
"Jihad Media Battalion", organização virtual que é utilizada
como uma espécie de relações
públicas on-line da Al Qaeda.
"Inicialmente o que era proselitismo da causa defendida
pela Al Qaeda, se transformou
num espaço para recrutamento, apoio, segurança operacional e também o local de onde
emanavam o que eles chamam
de ordens de batalha para
ações fora do país."
A investigação da PF contou
com colaboração do FBI que
informou a localização de K.,
repassando o IP do computador dele. Com autorização judicial, a PF quebrou a criptografia do computador de K., flagrando-o modulando mensagens para outros países.
K. passou 21 dias preso e foi
indiciado por crime de racismo. Ele deve prestar depoimento à Justiça nos próximos
dias. Seu advogado, Mehry
Daychoum, disse que houve
"confusão" e "precipitação" da
PF e negou que seu cliente tenha ligação com organização
"paramilitar ou terrorista".
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