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Medo da oposição era aumento dos juros
DA REPORTAGEM LOCAL
O acordo do governo Fernando
Henrique Cardoso com o FMI
(Fundo Monetário Nacional) excluiu os dois pontos que mais recebiam críticas da oposição: a defesa de novo aumento das taxas
de juros e do aumento do percentual exigido de superávit primário
(economia para o pagamento dos
juros da dívida).
O FMI aceitou a manutenção do
superávit em 3,75% do PIB (Produto Interno Bruto) e não se referiu a aumento da atual taxa de juros, conforme o acordo.
As duas medidas eram interpretadas como impeditivas da retomada do desenvolvimento econômico por assessores dos candidatos oposicionistas à Presidência. Declaração da vice-diretora-gerente do FMI, Anne Kruger, criticando a redução das taxas de juros no mês passado, aumentava o
temor da oposição sobre o caminho que a instituição deveria exigir na condução econômica.
Em debate realizado ontem à
tarde na Câmara Americana de
Comércio, os economistas Guido
Mantega (PT), Mauro Benevides
Filho (PPS) e Tito Ryff (PSB) afirmaram que os candidatos de seus
partidos não endossariam um
acordo sem conhecimento de
seus detalhes.
"Dinheiro do fundo a gente
quer, evidentemente. O que não
queremos são as condições amargas que costumam vir junto", declarou Mantega.
"O FMI é uma fonte de dinheiro
com taxas de juros baixas e de
longo prazo, mas tem um receituário de insucesso na coordenação da política econômica de países que ajuda", analisou Benevides. "Não podemos aceitar comprometimento do crescimento",
disse Ryff.
O economista Gesner Oliveira,
da equipe do programa de governo do candidato José Serra
(PSDB), foi a única voz no debate
a defender o acordo sem restrições específicas. "O acordo alivia
a transição num momento em
que há incertezas elevadas", afirmou o economista tucano.
Os assessores de oposição dos
candidatos a presidente da República defenderam que cabe ao
presidente Fernando Henrique
convocar os postulantes ao Planalto para que se manifestem a
respeito do acerto com o FMI.
"A partir de outubro, se o Lula
for eleito, nós teremos autoridade
para entrar nas negociações", disse Guido Mantega, atribuindo ao
atual governo a responsabilidade
única da negociação.
"Fazer o acordo para reafirmar
a atual política econômica fica difícil. Aceitamos, caso ela permita a
reorientação do modelo", disse
Mauro Benevides.
(LILIAN CHRISTOFOLETTI e PLÍNIO FRAGA)
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