São Paulo, quinta-feira, 08 de agosto de 2002

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Medo da oposição era aumento dos juros

DA REPORTAGEM LOCAL

O acordo do governo Fernando Henrique Cardoso com o FMI (Fundo Monetário Nacional) excluiu os dois pontos que mais recebiam críticas da oposição: a defesa de novo aumento das taxas de juros e do aumento do percentual exigido de superávit primário (economia para o pagamento dos juros da dívida).
O FMI aceitou a manutenção do superávit em 3,75% do PIB (Produto Interno Bruto) e não se referiu a aumento da atual taxa de juros, conforme o acordo.
As duas medidas eram interpretadas como impeditivas da retomada do desenvolvimento econômico por assessores dos candidatos oposicionistas à Presidência. Declaração da vice-diretora-gerente do FMI, Anne Kruger, criticando a redução das taxas de juros no mês passado, aumentava o temor da oposição sobre o caminho que a instituição deveria exigir na condução econômica.
Em debate realizado ontem à tarde na Câmara Americana de Comércio, os economistas Guido Mantega (PT), Mauro Benevides Filho (PPS) e Tito Ryff (PSB) afirmaram que os candidatos de seus partidos não endossariam um acordo sem conhecimento de seus detalhes.
"Dinheiro do fundo a gente quer, evidentemente. O que não queremos são as condições amargas que costumam vir junto", declarou Mantega.
"O FMI é uma fonte de dinheiro com taxas de juros baixas e de longo prazo, mas tem um receituário de insucesso na coordenação da política econômica de países que ajuda", analisou Benevides. "Não podemos aceitar comprometimento do crescimento", disse Ryff.
O economista Gesner Oliveira, da equipe do programa de governo do candidato José Serra (PSDB), foi a única voz no debate a defender o acordo sem restrições específicas. "O acordo alivia a transição num momento em que há incertezas elevadas", afirmou o economista tucano.
Os assessores de oposição dos candidatos a presidente da República defenderam que cabe ao presidente Fernando Henrique convocar os postulantes ao Planalto para que se manifestem a respeito do acerto com o FMI.
"A partir de outubro, se o Lula for eleito, nós teremos autoridade para entrar nas negociações", disse Guido Mantega, atribuindo ao atual governo a responsabilidade única da negociação.
"Fazer o acordo para reafirmar a atual política econômica fica difícil. Aceitamos, caso ela permita a reorientação do modelo", disse Mauro Benevides. (LILIAN CHRISTOFOLETTI e PLÍNIO FRAGA)



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