São Paulo, quinta-feira, 08 de agosto de 2002

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Capítulo econômico tenta mostrar coerência e preocupação com social

RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O capítulo econômico do programa de governo de José Serra é um dos menores por determinação direta do candidato tucano à Presidência. Limita-se a remeter a palestras já feitas pelo candidato tucano. Por três motivos.
Para demonstrar, primeiro, que não se trata de obra de um economista, mas de um candidato preocupado sobretudo com a questão social. Segundo, que o candidato é coerente em suas idéias, ao contrário de seus adversários.
Em terceiro lugar, Serra quis deixar claro que antes mesmo dos outros concorrentes defendia o tripé câmbio flutuante, metas de inflação e austeridade fiscal.
Cerca de cem pessoas se envolveram na confecção do programa, inclusive os ministérios e o Planalto. O texto final tem o dedo de Serra. As discussões começaram entre janeiro e fevereiro.
Nem sempre o presidente Fernando Henrique Cardoso foi poupado nessas discussões. Numa versão do final de julho, por exemplo, o documento era indigente em termos de Previdência Social. A crítica: "Serra foge da reforma da mesma forma que FHC não a fez". Talvez por precipitação: o capítulo estava sendo escrito pelo ministro José Cechin (Previdência), que, enquanto redigia, criticava os candidatos, nos jornais, por não terem programas consistentes para a área.
Numa outra etapa, o documento era enfático ao dizer que FHC diminuíra as desigualdades sociais. Chegou-se à conclusão de que FHC até teria diminuído a pobreza, mas não a desigualdade.
A versão apresentada ontem quase nada mudou no último mês. As propostas só foram detalhadas. Uma das idéias era explicitar que Serra faria mudanças sem rupturas. "Contraponto ao projeto ditatorial do Ciro [Gomes, candidato do PPS"", dizia uma anotação. Outra dizia que Serra deveria ser apresentado como alguém "sério, não antipático".
Em versões anteriores, o programa do PT é citado: "[É preciso" contrapor que temos visão estratégica da economia, enquanto o PT ainda quer fazer um plano estratégico para achá-lo e Ciro tem um amontoado de idéias populistas sem a mínima lógica macro".
As versões também previam a participação "subsidiária" das Forças Armadas na segurança pública. O trecho sumiu. Falava-se ainda em superávit primário do Orçamento. Agora, fala-se em superávits "necessários". Um trecho fala em confiança na economia. Os técnicos intervém: "Se houvesse, o dólar não estaria a R$ 3".



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