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Capítulo econômico tenta mostrar
coerência e preocupação com social
RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O capítulo econômico do programa de governo de José Serra é
um dos menores por determinação direta do candidato tucano à
Presidência. Limita-se a remeter a
palestras já feitas pelo candidato
tucano. Por três motivos.
Para demonstrar, primeiro, que
não se trata de obra de um economista, mas de um candidato preocupado sobretudo com a questão
social. Segundo, que o candidato é
coerente em suas idéias, ao contrário de seus adversários.
Em terceiro lugar, Serra quis
deixar claro que antes mesmo dos
outros concorrentes defendia o
tripé câmbio flutuante, metas de
inflação e austeridade fiscal.
Cerca de cem pessoas se envolveram na confecção do programa, inclusive os ministérios e o
Planalto. O texto final tem o dedo
de Serra. As discussões começaram entre janeiro e fevereiro.
Nem sempre o presidente Fernando Henrique Cardoso foi
poupado nessas discussões. Numa versão do final de julho, por
exemplo, o documento era indigente em termos de Previdência
Social. A crítica: "Serra foge da reforma da mesma forma que FHC
não a fez". Talvez por precipitação: o capítulo estava sendo escrito pelo ministro José Cechin (Previdência), que, enquanto redigia,
criticava os candidatos, nos jornais, por não terem programas
consistentes para a área.
Numa outra etapa, o documento era enfático ao dizer que FHC
diminuíra as desigualdades sociais. Chegou-se à conclusão de
que FHC até teria diminuído a pobreza, mas não a desigualdade.
A versão apresentada ontem
quase nada mudou no último
mês. As propostas só foram detalhadas. Uma das idéias era explicitar que Serra faria mudanças
sem rupturas. "Contraponto ao
projeto ditatorial do Ciro [Gomes,
candidato do PPS"", dizia uma
anotação. Outra dizia que Serra
deveria ser apresentado como alguém "sério, não antipático".
Em versões anteriores, o programa do PT é citado: "[É preciso"
contrapor que temos visão estratégica da economia, enquanto o
PT ainda quer fazer um plano estratégico para achá-lo e Ciro tem
um amontoado de idéias populistas sem a mínima lógica macro".
As versões também previam a
participação "subsidiária" das
Forças Armadas na segurança pública. O trecho sumiu. Falava-se
ainda em superávit primário do
Orçamento. Agora, fala-se em superávits "necessários". Um trecho
fala em confiança na economia.
Os técnicos intervém: "Se houvesse, o dólar não estaria a R$ 3".
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