São Paulo, quinta-feira, 08 de agosto de 2002

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ALIANÇAS

Campanha de Serra perde aliados regionais e vê outros abrirem palanque também para Ciro, seu maior rival

Baixas nos Estados desgastam tucano

DA AGÊNCIA FOLHA

Com mais sinais de defecções em dois Estados nordestinos no dia de ontem, a campanha presidencial de José Serra (PSDB) continua a acumular desgastes regionais,mesmo na semana em que o tucano decidiu polarizar mais energicamente a campanha com Ciro Gomes (PPS), até aqui o maior beneficiado pelas dissidências da chapa governista.
Serra enfrenta defecções, infidelidades e descontentamentos pulverizados, com exceções importantes, por ora pelo menos, de São Paulo e Rio. O tucano conta ainda com o apoio dos principais empresários do país, ainda refratários às investidas de Ciro, sobretudo por meio do chamado ""núcleo duro" do PFL, como o senador Jorge Bornhausen (SC).
Depois de ver seu principal aliado no Nordeste, o governador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), abrir palanque a Ciro anteontem, e o PFL pernambucano ligado ao deputado Inocêncio Oliveira dar apoio ao presidenciável do PPS, o comando tucano recebeu novos golpes ontem no Rio Grande do Norte e na Paraíba.
No primeiro Estado, o deputado federal Henrique Alves, que chegou a ser escolhido como vice do tucano, demonstrou descontentamento com a campanha. No segundo, o candidato Cássio Cunha Lima (PSDB) seguiu exemplo de outros apoiadores de Serra e abriu seu palanque a outros presidenciáveis, notadamente Ciro.
Nos nove Estados do Nordeste -que concentra 26,9% do eleitorado nacional-, apenas no Piauí Serra conta com aparente tranquilidade, já que tem o apoio do governador Hugo Napoleão (PFL), candidato a um novo mandato e líder nas pesquisas.
Na Paraíba, além de não haver sinal de campanha para Serra no material usado pelo governador Fernando Freire (PPB), onde estaria, teoricamente, o palanque do tucano no Rio Grande do Norte, Serra conta ainda com a irritabilidade do clã Alves -que comanda o PMDB local.
"Falta ao candidato [Serra" melhorar seu desempenho, sua postura, sua empatia com o público e seu cuidado com os aliados, o que eu acho que ele tem muito pouco", disse Alves.
A irritação se deve ao fato de, segundo ele, Serra não ter telefonado nenhuma vez após o episódio que resultou no afastamento de seu nome como vice do tucano -ele foi acusado de enviar dinheiro ilegalmente ao exterior.
"Meu candidato a presidente é Serra. Agora, outros partidos que têm outros candidatos a presidente terminam tendo espaço no palanque para defender suas candidaturas", disse na Paraíba, por sua vez, Cunha Lima.

Sul
A opção preferencial pelo PMDB acabou não ajudando o candidato do PSDB a ter palanques fortes no Sul. Em Santa Catarina e Rio Grande do Sul, os aliados de Serra disputam com poucas chances os governos estaduais. No Paraná, onde o PSDB se aliou ao PFL, dissidências internas no governo Jaime Lerner também atrapalham o desempenho de Serra. Os três Estados representam 15,5% do eleitorado.
Depois de optar pelo grupo de Lerner em detrimento do grupo liderado por Álvaro Dias (hoje no PDT) e principal candidato ao governo do Paraná, o PSDB assistiu à dissidência de parcela considerável do PFL, capitaneada por Rafael Greca, embarcar na campanha de Ciro. Já Roberto Requião, principal adversário de Dias, é do PMDB oposicionista e apóia Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Santa Catarina é o Estado do Sul onde Serra poderá ter mais chances eleitorais, com Luiz Henrique (PMDB). No Rio Grande do Sul, com a disputa polarizada entre Antônio Brito (PPS) e Tarso Genro (PT), os dois candidatos que apóiam Serra, Germano Rigoto (PMDB) e Celso Bernardi (PPB), não somam 12% das intenções de voto no Estado.

Minas
Com isso, Serra pede empenho dos candidatos com chances reais. Ao encerrar sua participação no debate com os empresários, na noite de anteontem, em Belo Horizonte, ele reclamou publicamente, pela primeira vez, do apoio que tem lhe dado o tucano Aécio Neves, presidente da Câmara e candidato ao governo.
"Queria pedir a todos o voto para a gente ganhar a eleição. O voto para mim, o voto para o Aécio ganhar no primeiro turno, assim ele vai poder me ajudar mais no segundo turno, numa boa", disse. Aécio, que estava em Brasília, formou uma aliança que o deixou cercado de apoiadores de Ciro.
(RANIER BRAGON, JOSÉ MASCHIO E PAULO PEIXOTO)



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