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ALIANÇAS
Campanha de Serra perde aliados regionais e vê outros abrirem palanque também para Ciro, seu maior rival
Baixas nos Estados desgastam tucano
DA AGÊNCIA FOLHA
Com mais sinais de defecções
em dois Estados nordestinos no
dia de ontem, a campanha presidencial de José Serra (PSDB) continua a acumular desgastes regionais,mesmo na semana em que o
tucano decidiu polarizar mais
energicamente a campanha com
Ciro Gomes (PPS), até aqui o
maior beneficiado pelas dissidências da chapa governista.
Serra enfrenta defecções, infidelidades e descontentamentos pulverizados, com exceções importantes, por ora pelo menos, de São
Paulo e Rio. O tucano conta ainda
com o apoio dos principais empresários do país, ainda refratários às investidas de Ciro, sobretudo por meio do chamado ""núcleo duro" do PFL, como o senador Jorge Bornhausen (SC).
Depois de ver seu principal aliado no Nordeste, o governador
Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE),
abrir palanque a Ciro anteontem,
e o PFL pernambucano ligado ao
deputado Inocêncio Oliveira dar
apoio ao presidenciável do PPS, o
comando tucano recebeu novos
golpes ontem no Rio Grande do
Norte e na Paraíba.
No primeiro Estado, o deputado federal Henrique Alves, que
chegou a ser escolhido como vice
do tucano, demonstrou descontentamento com a campanha. No
segundo, o candidato Cássio Cunha Lima (PSDB) seguiu exemplo
de outros apoiadores de Serra e
abriu seu palanque a outros presidenciáveis, notadamente Ciro.
Nos nove Estados do Nordeste
-que concentra 26,9% do eleitorado nacional-, apenas no Piauí
Serra conta com aparente tranquilidade, já que tem o apoio do
governador Hugo Napoleão
(PFL), candidato a um novo mandato e líder nas pesquisas.
Na Paraíba, além de não haver
sinal de campanha para Serra no
material usado pelo governador
Fernando Freire (PPB), onde estaria, teoricamente, o palanque
do tucano no Rio Grande do Norte, Serra conta ainda com a irritabilidade do clã Alves -que comanda o PMDB local.
"Falta ao candidato [Serra" melhorar seu desempenho, sua postura, sua empatia com o público e
seu cuidado com os aliados, o que
eu acho que ele tem muito pouco", disse Alves.
A irritação se deve ao fato de, segundo ele, Serra não ter telefonado nenhuma vez após o episódio
que resultou no afastamento de
seu nome como vice do tucano
-ele foi acusado de enviar dinheiro ilegalmente ao exterior.
"Meu candidato a presidente é
Serra. Agora, outros partidos que
têm outros candidatos a presidente terminam tendo espaço no
palanque para defender suas candidaturas", disse na Paraíba, por
sua vez, Cunha Lima.
Sul
A opção preferencial pelo
PMDB acabou não ajudando o
candidato do PSDB a ter palanques fortes no Sul. Em Santa Catarina e Rio Grande do Sul, os aliados de Serra disputam com poucas chances os governos estaduais. No Paraná, onde o PSDB se
aliou ao PFL, dissidências internas no governo Jaime Lerner também atrapalham o desempenho
de Serra. Os três Estados representam 15,5% do eleitorado.
Depois de optar pelo grupo de
Lerner em detrimento do grupo
liderado por Álvaro Dias (hoje no
PDT) e principal candidato ao governo do Paraná, o PSDB assistiu
à dissidência de parcela considerável do PFL, capitaneada por Rafael Greca, embarcar na campanha de Ciro. Já Roberto Requião,
principal adversário de Dias, é do
PMDB oposicionista e apóia Luiz
Inácio Lula da Silva (PT).
Santa Catarina é o Estado do Sul
onde Serra poderá ter mais chances eleitorais, com Luiz Henrique
(PMDB). No Rio Grande do Sul,
com a disputa polarizada entre
Antônio Brito (PPS) e Tarso Genro (PT), os dois candidatos que
apóiam Serra, Germano Rigoto
(PMDB) e Celso Bernardi (PPB),
não somam 12% das intenções de
voto no Estado.
Minas
Com isso, Serra pede empenho
dos candidatos com chances
reais. Ao encerrar sua participação no debate com os empresários, na noite de anteontem, em
Belo Horizonte, ele reclamou publicamente, pela primeira vez, do
apoio que tem lhe dado o tucano
Aécio Neves, presidente da Câmara e candidato ao governo.
"Queria pedir a todos o voto para a gente ganhar a eleição. O voto
para mim, o voto para o Aécio ganhar no primeiro turno, assim ele
vai poder me ajudar mais no segundo turno, numa boa", disse.
Aécio, que estava em Brasília, formou uma aliança que o deixou
cercado de apoiadores de Ciro.
(RANIER BRAGON, JOSÉ MASCHIO E PAULO PEIXOTO)
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