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São Paulo, sexta-feira, 08 de agosto de 2003

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REFORMA SOB PRESSÃO

Governo não conseguiria manter contribuição previdenciária apenas com os votos dos aliados

Oposição garante cobrança de inativos

RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
FERNANDA KRAKOVICS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA

A exemplo do que ocorreu na votação do texto principal da reforma da Previdência, a oposição novamente foi fundamental para que o governo conseguisse manter na proposta, na madrugada de ontem, a contribuição previdenciária dos servidores inativos, o ponto mais polêmico da reforma.
O governo precisava de 308 dos 513 votos da Câmara dos Deputados para manter a tributação. Acabou conseguindo 326, apenas 18 a mais.
Os dez partidos da base aliada contribuíram só com 267 votos, apesar de terem 376 deputados.
Se contasse apenas com os aliados, a tributação sairia do relatório do deputado José Pimentel (PT-CE) por causa de 41 votos.
Os votos necessários acabaram vindo da oposição -31 pefelistas e 26 tucanos votaram com o governo devido, principalmente, à atuação dos governadores e de dois políticos-chave para o Planalto nas negociações: o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
Eles atuaram decisivamente em suas bancadas. Sarney contou com a ajuda da filha, a senadora Roseana Sarney (PFL-MA).
O deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP), líder do governo na Câmara, disse que a ajuda dos oposicionistas só veio porque o atual governo se abriu para o diálogo. "No governo anterior não havia negociação. Temos uma relação civilizada e respeitosa com o PSDB e o PFL", disse.

Contra o Planalto
Noventa e quatro integrantes dos partidos da base votaram contra a manutenção da cobrança, ou seja, em franca oposição às orientações do Planalto.
Dos dez partidos da base, apenas o PPS se manteve integralmente fiel, com 17 votos pela manutenção da tributação.
Toda a bancada de 14 deputados do PDT de Leonel Brizola, partido declaradamente contrário à reforma, votou contra o governo.
Proporcionalmente, os partidos aliados que mais "traíram" o Planalto foram PDT (100% contra), PC do B (63,6%), PV (50%) e PMDB (41,8%). Dos 93 deputados do PT, três votaram contra o governo: Luciana Genro (RS), Babá (PA) e João Fontes (CE).
"Nossa base é uma base em construção. Tem um núcleo com uma história comum na esquerda, uma parte que se incorporou durante a campanha e outra que veio após a eleição. Formar uma base que tenha solidez e seja capaz de suportar pressões nas votações demanda tempo", disse Rebelo.


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