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REFORMA SOB PRESSÃO
Governo não conseguiria manter contribuição previdenciária apenas com os votos dos aliados
Oposição garante cobrança de inativos
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
FERNANDA KRAKOVICS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
A exemplo do que ocorreu na
votação do texto principal da reforma da Previdência, a oposição
novamente foi fundamental para
que o governo conseguisse manter na proposta, na madrugada de
ontem, a contribuição previdenciária dos servidores inativos, o
ponto mais polêmico da reforma.
O governo precisava de 308 dos
513 votos da Câmara dos Deputados para manter a tributação.
Acabou conseguindo 326, apenas
18 a mais.
Os dez partidos da base aliada
contribuíram só com 267 votos,
apesar de terem 376 deputados.
Se contasse apenas com os aliados, a tributação sairia do relatório do deputado José Pimentel
(PT-CE) por causa de 41 votos.
Os votos necessários acabaram
vindo da oposição -31 pefelistas
e 26 tucanos votaram com o governo devido, principalmente, à
atuação dos governadores e de
dois políticos-chave para o Planalto nas negociações: o senador
Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
Eles atuaram decisivamente em
suas bancadas. Sarney contou
com a ajuda da filha, a senadora
Roseana Sarney (PFL-MA).
O deputado Aldo Rebelo (PC do
B-SP), líder do governo na Câmara, disse que a ajuda dos oposicionistas só veio porque o atual governo se abriu para o diálogo. "No
governo anterior não havia negociação. Temos uma relação civilizada e respeitosa com o PSDB e o
PFL", disse.
Contra o Planalto
Noventa e quatro integrantes
dos partidos da base votaram
contra a manutenção da cobrança, ou seja, em franca oposição às
orientações do Planalto.
Dos dez partidos da base, apenas o PPS se manteve integralmente fiel, com 17 votos pela manutenção da tributação.
Toda a bancada de 14 deputados do PDT de Leonel Brizola,
partido declaradamente contrário à reforma, votou contra o governo.
Proporcionalmente, os partidos
aliados que mais "traíram" o Planalto foram PDT (100% contra),
PC do B (63,6%), PV (50%) e
PMDB (41,8%). Dos 93 deputados
do PT, três votaram contra o governo: Luciana Genro (RS), Babá
(PA) e João Fontes (CE).
"Nossa base é uma base em
construção. Tem um núcleo com
uma história comum na esquerda, uma parte que se incorporou
durante a campanha e outra que
veio após a eleição. Formar uma
base que tenha solidez e seja capaz
de suportar pressões nas votações
demanda tempo", disse Rebelo.
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