São Paulo, terça-feira, 08 de agosto de 2006

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Painel

Renata Lo Prete
painel@uol.com.br

Homem a homem

O nome da crise de estresse de Amir Lando (RO) é Ney Suassuna (PB). Mais do que o governo ou qualquer outro parlamentar implicado no escândalo sanguessuga, o líder do PMDB no Senado pressiona o relator da CPI de todas as formas para salvar-lhe a pele no relatório que deverá ser apresentado nesta quinta.
Foi Suassuna quem indicou o nome de Lando para integrar a comissão. Até a semana passada, o atormentado relator dizia carecer de provas contra o correligionário, embora o restante da cúpula da CPI já lhe apontasse evidências claras de envolvimento do senador. Depois do depoimento do ex-assessor Marcelo de Carvalho, o próprio Lando começou a dar sinais de que pedirá o indiciamento de Suassuna.

Geral. Presidente e sub-relatores da CPI avaliam que, além de Suassuna, os outros dois senadores até agora envolvidos no escândalo -Magno Malta (PL-ES) e Serys Slhessarenko (PT-MT)- também terão de ser encaminhados ao Conselho de Ética.

Corda. A CPI não conta com a votação do relatório parcial antes do dia 16. Aposta-se que, na quinta, alguém peça vistas do parecer. Só na próxima semana o texto deve ir a voto.

Pauta 1. Ainda que investigação mais aprofundada sobre o Executivo fique para depois, a oposição pressiona Lando a incluir no relatório o que já se sabe a respeito da atuação da máfia sanguessuga no Ministério da Saúde.

Pauta 2. Outra demanda dos oposicionistas é mencionar no texto as prefeituras investigadas e as empresas que integravam a rede da Planam.

Fator de risco. De olho na reeleição, Lula fez chegar a Ricardo Berzoini a avaliação de que o PT está dando mole para José Airton Cirilo, dirigente do partido acusado pelos Vedoin de operar o esquema sanguessuga na Saúde.

Em casa 1. Não é só na CPI que o programa de inclusão digital do governo, dotado de ônibus superfaturados fornecidos pelos Vedoin, sofre críticas. O coordenador do comitê de inclusão, Rodrigo Assumpção, questiona o caráter itinerante do projeto e diz que sua "única vantagem" estaria no campo da comunicação. "Há poucos beneficiados, mas há mais gente sabendo."

Em casa 2. "O único exemplo de telecentro móvel bem sucedido que conheço é uma experiência na Inglaterra, em uma comunidade de ciganos", afirma Assumpção.

Mico. Petistas atribuem a escassez de resultados do jantar arrecadador realizado na sexta-feira em São Paulo ao fato de que o evento não foi apenas da campanha de Lula, mas associado à de Aloizio Mercadante. "Os grandes empresários ficaram com medo do Serra e não apareceram", lamenta um dirigente.

Saia justa. Heitor Tomazini, candidato a deputado federal pelo PT-SP, gravou depoimento para o horário gratuito em que pede ao eleitor que não vote "nem em mensaleiro nem em sanguessuga". Resta saber se a peça irá ao ar.

Guerrilha. O site de Lula diz que o Ministério da Saúde mantém 2.736 equipes de médicos de família em São Paulo. O QG de Alckmin afirma que, em 230 delas, o governo estadual complementa o custeio com R$ 23,2 milhões ao ano.

Sempre ele. Em sua passagem por Recife na sexta, Alckmin sentiu na pele o fosso que o separa de Lula entre o eleitorado pernambucano. De sete mensagens de ouvintes lidas durante entrevista concedida pelo tucano a uma rádio local, seis eram para elogiar ou criticar o presidente.

Outro lado. Prefeito de Praia Grande (SC), João dos Santos (PMDB) diz que só foi a ato pró-Lula para prestigiar seu vice, que é do PT: "Sou coerente com minha opção partidária. Vou de Alckmin".

Tiroteio

Sem dúvida podemos afirmar que o nobre deputado andou fazendo arte.


De FERNANDO FERRO (PT-PE), integrante da CPI dos Sanguessugas, sobre Vanderlei Assis (PP-SP), que justificou o dinheiro recebido da quadrilha das ambulâncias dizendo ter vendido quadros de sua autoria ao empresário Luiz Antonio Vedoin, da Planam.

Contraponto

Milagre da TV

Em 2004, o governador da Paraíba, Cássio Cunha Lima (PSDB), participava de evento da então candidata do PFL à Prefeitura de Bananeiras, Marta Ramalho, quando a comitiva decidiu visitar uma comunidade rural.
O município é um dos que não recebem o sinal local, com a propaganda política regionalizada. E, graças às antenas parabólicas, os eleitores acabam assistindo ao horário eleitoral gratuito da cidade de São Paulo.
Na chegada, Cunha Lima e Marta foram abordados por um eleitor que, de tanto assistir à disputa José Serra x Marta Suplicy, ficou surpreso ao ver a "xará" da petista:
-A senhora está diferente. A TV muda as pessoas!


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