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Desvios em Rondônia podem ser maiores
Grampos da PF mostram que o esquema de fraude da Assembléia continuou após o período investigado, de 2004 a 2005
Márcio Thomaz Bastos afirmou que não descarta uma intervenção no Estado: "É preciso que a situação amadureça", disse ontem
JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO VELHO
Os desvios da Assembléia Legislativa de Rondônia por meio
de uma folha de pagamentos
paralela continuaram a ser praticados depois do período de junho de 2004 a junho de 2005,
cujos prejuízos já foram contabilizados pela Polícia Federal.
Interceptações telefônicas
autorizadas pela Justiça mostram que o sistema de cotas de
deputados para a folha paralela
continua e que o esquema serviu para trocas de favores entre
o Legislativo, o TJ (Tribunal de
Justiça) e o TCE (Tribunal de
Contas do Estado).
Entre os meses de agosto do
ano passado e junho deste ano,
suspeitos de desvio de recursos
mantiveram constante conversação telefônica com o diretor
de recursos humanos da Assembléia, Emerson Lima Santos, e com o diretor-geral da Casa, José Ronaldo Palitot, pedindo a inclusão de nomes no esquema. Os grampos foram feitos durante as investigações da
Operação Dominó, da PF.
Na operação foram presos integrantes dos três Poderes em
Rondônia, entre eles o presidente do TJ, Sebastião Teixeira
Chaves, o presidente da Assembléia, Carlão de Oliveira (PSL),
o ex-procurador-geral de Justiça José Carlos Vitachi e o ex-chefe da Casa Civil Carlos Magno Ramos (PPS), candidato a
vice-governador na chapa do
governador Ivo Cassol (PPS).
Em uma gravação de setembro do ano passado, Magno Ramos, então na Casa Civil, aparece pedindo a inclusão de dois
nomes na cota da folha de pagamento de Carlão de Oliveira.
Ele justifica que os valores são
para pagamento da pensão de
suas duas ex-mulheres.
O deputado Chico Paraíba
(PMDB), que não aparece na
lista de gabinetes beneficiados
pelo esquema, é flagrado, em
interceptação telefônica de 26
de dezembro de 2005, cobrando de Emerson Santos a razão
de sua cota ter sido de R$ 32
mil, quando havia pedido R$ 60
mil ao presidente da Casa.
A PF suspeita que Paraíba recebia na cota de Carlão de Oliveira. De acordo com a PF, o gabinete de Carlão recebeu R$
1.401.500 do esquema.
As interceptações a que a Folha teve acesso indicam a participação da mulher de Carlão de
Oliveira, Márcia Luiza Scheffer
de Oliveira, na organização da
listagem de folha de pagamentos, assim como da chefe-de-gabinete do deputado Haroldo
Santos (PP), Rosa Salomé. As
duas foram presas.
A folha de pagamento serve
também para troca de favores.
Em 16 de fevereiro deste ano,
Chaves, presidente do TJ, liga
para José Ronaldo Palitot para
saber da inclusão de duas moças na folha de pagamento.
No diálogo travado entre ambos, Chaves afirma que uma
das moças deve trabalhar na
campanha à reeleição de Carlão
de Oliveira. Um mês depois,
uma das moças liga para Palitot
e pergunta sobre a liberação de
recursos. "Sou a indicada do dr.
Sebastião", diz. Palitot afirma
que só falta o presidente do TJ
assinar para a liberação.
O presidente do TJ, que tem
a mulher como assessora da
presidência da Assembléia,
conseguiu também colocar
uma filha no TCE.
Ontem, o ministro Márcio
Thomaz Bastos (Justiça) não
descartou uma intervenção federal no Estado. "Não estou
descartando intervenção, mas
estou dizendo que a intervenção, neste momento, não se encontra no nosso horizonte. É
preciso que a situação amadureça e caminhe na direção da
recomendação disso. Intervenção é uma medida extrema, é
uma medida grave, é uma medida séria", disse.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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