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No plenário, Renan discute com líder do DEM e ataca revista
Senador troca cadeira da presidência pela tribuna ao fazer discurso que acaba em clima tenso após ameaça de obstrução
Alagoano troca ataques
com colega e afirma que
acusações são alimentadas
por Heloísa Helena e João
Lyra, seus adversários locais
SILVIO NAVARRO
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
No mais tenso embate com a
oposição desde o estouro das
denúncias que enfrenta, o senador Renan Calheiros discutiu e fez ameaças em plenário
ao líder do DEM, José Agripino
Maia (RN), e atacou adversários e o Grupo Abril, que publica a revista "Veja".
Orientado por aliados, Renan
fez um gesto simbólico ao descer da cadeira de presidente do
Senado, pela primeira vez, para
discursar da tribuna. De lá, replicou: "Não me envergonho,
sabem por quê? Porque sei o
que faço, sei o que fiz".
O pronunciamento, mais
uma vez, gerou manifestações
da oposição para que ele se licenciasse da presidência. Mas a
reação de Renan foi diferente.
Após ouvir de Agripino que a
oposição faria obstrução às votações enquanto ele não saísse
do cargo, Renan retrucou.
"Se estivesse nessa situação,
com os negócios que tem, com
as concessões que tem, com os
financiamentos bancários e estatais, talvez não agüentasse
duas semanas de acusação como tenho agüentado", disse. Na
prática, tornou públicas ameaças que vinha fazendo nos bastidores. Agripino reagiu com o
dedo em riste: "Que débitos?
Onde é que existe algum pecado? Se tem, Vossa Excelência
tem a obrigação de dizer".
Após a discussão, o clima no
Senado ficou tenso. "A estratégia é exacerbar e o clima ficou
incompatível com a Casa", disse o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE).
O pronunciamento de Renan, que precedeu o bate-boca,
durou 18 minutos e foi acompanhado por 20 senadores. A fala
começou com uma queixa: "Há
mais de dois meses venho sendo vítima de um impiedoso e irresponsável ataque que já se
transformou em campanha".
Em seguida, o tom de desabafo deu lugar a ataques em série.
O primeiro deles foi aos rivais
alagoanos, a ex-senadora Heloísa Helena e o ex-deputado
João Lyra (PTB). Heloísa é presidente do PSOL, autor da representação que deu origem ao
processo no Conselho de Ética.
Lyra foi o candidato derrotado,
com o apoio de Renan, por Teotônio Vilela (PSDB) ao governo
de Alagoas, na eleição de 2006.
"Sou agredido diariamente
por sistemáticas ignomínias,
perfídias, insídias, originadas
da briga política paroquial e alimentadas por derrotados rancorosos como João Lyra e Heloísa Helena, que, desesperadamente, tentam reinserção política nacional", disse.
"Imaginem o futuro deste
Congresso se cada derrotado
político conseguir transformar
seu ressentimento em pseudo-escândalo, em representações?", completou.
Renan criticou as duas representações -a do PSOL que está
em curso, e a feita em parceria
pelo DEM e pelo PSDB. Sobre a
primeira, originada a partir das
denúncias da jornalista Mônica
Veloso, classificou como "tentativa de criar a falta de decoro
familiar". Da segunda, disse ser
"rabiscada em guardanapos".
O próximo alvo foi o Grupo
Abril, a quem acusou de ter feito "negócios ocultos", de "interesses secretos". "[É] um escândalo de interesse nacional e
que estou mandando para o
Ministério Público apurar."
O senador acusou a editora
de "fraude" na negociação da
TVA com a Telefônica. "A transação é uma fraude e fere o interesse nacional", disse. "Isso,
sim, deveria despertar o pendor investigativo do Senado,
responsável pelas concessões.
Deveria aguçar o papel fiscalizador de toda a mídia, da livre
concorrência. É um escândalo
de quem vive a apontar o dedo
para os Poderes constituídos."
Ele também prometeu entrar com processos na Justiça
contra a revista "Veja". "É a
mesma Veja que vem enxovalhando a honra de pessoas sem
comprovar suas falsas denúncias. Elas sempre carecem de
prova [...] que nunca aparece.
Onde estão as provas dos dólares de Cuba? O envolvimento
das Farc com o MST? A prova
de que o presidente Lula seria o
sujeito oculto de organizações
criminosas?", disse, citando algumas reportagens da revista.
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