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Novo líder da oposição fica no cargo apenas 4 horas
Vilela foi indicado à tarde; no início da noite, os tucanos retiraram a indicação
Acusado de "comprar" notas fiscais frias, o deputado
se defende dizendo que
não fez isso e que pagou
por locação de software
ANDRÉA MICHAEL
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL BRASÍLIA
O deputado federal Leonardo Vilela (PSDB-GO), indicado
ontem por seu partido para o
posto de líder da bancada de
oposição na Câmara, durou
apenas quatro horas no cargo.
Nomeado por volta das 16h,
caiu por volta das 20h depois
que a bancada tucana foi informada pelo próprio Vilela de que
seu nome aparece na investigação da Operação Aquarela.
Desvendado pela Polícia Civil e pelo Ministério Público do
Distrito Federal, o esquema teria desviado cerca de R$ 50 milhões dos cofres do BRB (Banco
de Brasília). Em depoimento,
uma ex-secretária da ONG Caminhar Jeovana Drazdauskas
Silva disse que a entidade emitiu notas fiscais frias -relativa
a serviços que, na verdade, não
teriam sido prestados- para
deputados federais, entre eles
Leonardo Vilela.
A ONG Caminhar é apontada
como a pivô do esquema. Ela
teria recebido recursos milionários dos cofres do BRB em
troca de pagamento de propina
a funcionários públicos.
O novo nome, que assumirá o
posto de Julio Redecker
(PSDB-RS), morto no acidente
com o Airbus da TAM, será
anunciado hoje.
Segundo a transcrição do depoimento de Jeovana, "ela se
recorda de haver remetido notas fiscais frias, quando trabalhava na Caminhar, em nome
de (...) Leonardo Vilela". No seu
segundo depoimento, Jeovana
entregou aos investigadores
cópia de e-mail, de 20 de março, em que o dono da Caminhar, André Luís de Souza Silva, a orienta a expedir uma nota
fria ao deputado. Ainda de
acordo com o depoimento, ela
emitia "notas fiscais em favor
de diversas empresas" cobrando uma comissão de 8% sobre o
valor total da nota.
A suspeita é a de que o deputado possa ter usado as supostas notas frias para ser reembolsado com a chamada "verba
indenizatória" da Câmara.
Por meio de sua assessoria de
imprensa, o deputado negou o
uso de nota fria afirmando que
a ONG Caminhar prestou serviços de "locação de software
para instalação de programa de
gerenciamento de documentos
para atividades parlamentar"
em 2006. Para isso, o deputado
afirma ter pago R$ 68 mil. Ele
disse também, pela assessoria,
que apresentou as oito notas
fiscais à Câmara, que o reembolsou com a recursos da "verba indenizatória".
"O parlamentar só tinha conhecimento dos serviços prestados pela ONG através dos
profissionais [da ONG] que desenvolviam programas para o
gabinete. Sendo assim, ele declara nunca ter tido qualquer
tipo de contato com a ONG
nem com o seu dono André
Luís", diz nota enviada há alguns dias por sua assessoria.
Outro deputado federal que
tem o nome citado nas investigações é Antonio Bulhões
(PMDB-SP). Há gravação de telefonema de uma funcionária
de seu gabinete, em maio, para
o dono da ONG com o objetivo
de passar os dados para o
preenchimento da nota fiscal.
Bulhões negou uso de nota
fria. Disse que o serviço, no valor de R$ 8.170, se referiu à interligação dos computadores
de seu escritório em São Paulo
com a intranet da Câmara.
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