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Senadores do PT querem deixar Conselho de Ética
ANDREZA MATAIS
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A divisão na bancada de senadores do PT, partido que deve ser o fiel da balança para o
futuro de José Sarney (PMDB-AP), aprofundou-se. Os dois
principais defensores do presidente do Senado no partido,
Ideli Salvatti (SC) e Delcídio
Amaral (MS), tiveram uma tensa reunião com o líder da bancada, Aloizio Mercadante (SP),
e pediram para não serem os titulares no Conselho de Ética.
Segundo a Folha apurou,
Ideli e Delcídio, suplentes, estão incomodados com o fato de
as duas vagas titulares do partido não terem sido preenchidas.
Com isso, serão obrigados a votar e assumir a posição pró-Sarney, sofrendo desgaste junto à opinião pública. Ideli é
candidata ao governo catarinense, e Delcídio, à reeleição.
Na reunião com Mercadante,
ambos o acusaram de fazer um
"jogo duplo": defende o afastamento de Sarney mas mantém
no conselho dois sarneyzistas e
não se indispõe com o Planalto.
Lula é um dos principais defensores de Sarney.
Mercadante disse, por meio
de sua assessoria, que vai debater o assunto com a bancada na
semana que vem.
Para contornar o impasse, o
PT discute liberar o voto dos
senadores no conselho. A proposta foi levada a Mercadante
anteontem pelo presidente do
partido, Ricardo Berzoini. "[No
Conselho de Ética] cada senador deve votar de acordo com o
mérito da denúncia e de acordo
com sua consciência", disse.
A ideia é conveniente para
evitar um racha definitivo na
bancada petista. Há uma série
de precedentes. No escândalo
do "mensalão", em 2005 e
2006, o partido evitou fechar
questão quanto à cassação de
parlamentares. Em seu estatuto, abre exceções para que parlamentares votem como quiserem em questões éticas.
O PT, desde o começo da crise, vive um dilema na relação
com Sarney. Pelo menos 7 dos
12 senadores do partido a princípio defenderam o afastamento dele, enquanto durarem as
investigações no Conselho.
Mas eles foram desautorizados por Lula, com o argumento
de que o apoio de Sarney e do
PMDB é crucial para a eleição
de Dilma Rousseff em 2010.
Nove senadores petistas disputam reeleições no ano que
vem. A ala anti-Sarney teme
que o desgaste afete as campanhas. Os sarneyzistas rebatem
dizendo que não se pode alienar o PMDB, dono de importantes máquinas nos Estados.
No Conselho de Ética, os três
votos do PT são necessários para que pelo menos um processo
contra Sarney seja aberto-sobre a contratação do namorado
de sua neta por ato secreto.
O terceiro petista no Conselho é o senador João Pedro
(AM), que é titular.
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