São Paulo, sábado, 08 de agosto de 2009

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Senadores do PT querem deixar Conselho de Ética

ANDREZA MATAIS
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A divisão na bancada de senadores do PT, partido que deve ser o fiel da balança para o futuro de José Sarney (PMDB-AP), aprofundou-se. Os dois principais defensores do presidente do Senado no partido, Ideli Salvatti (SC) e Delcídio Amaral (MS), tiveram uma tensa reunião com o líder da bancada, Aloizio Mercadante (SP), e pediram para não serem os titulares no Conselho de Ética.
Segundo a Folha apurou, Ideli e Delcídio, suplentes, estão incomodados com o fato de as duas vagas titulares do partido não terem sido preenchidas. Com isso, serão obrigados a votar e assumir a posição pró-Sarney, sofrendo desgaste junto à opinião pública. Ideli é candidata ao governo catarinense, e Delcídio, à reeleição.
Na reunião com Mercadante, ambos o acusaram de fazer um "jogo duplo": defende o afastamento de Sarney mas mantém no conselho dois sarneyzistas e não se indispõe com o Planalto. Lula é um dos principais defensores de Sarney.
Mercadante disse, por meio de sua assessoria, que vai debater o assunto com a bancada na semana que vem.
Para contornar o impasse, o PT discute liberar o voto dos senadores no conselho. A proposta foi levada a Mercadante anteontem pelo presidente do partido, Ricardo Berzoini. "[No Conselho de Ética] cada senador deve votar de acordo com o mérito da denúncia e de acordo com sua consciência", disse.
A ideia é conveniente para evitar um racha definitivo na bancada petista. Há uma série de precedentes. No escândalo do "mensalão", em 2005 e 2006, o partido evitou fechar questão quanto à cassação de parlamentares. Em seu estatuto, abre exceções para que parlamentares votem como quiserem em questões éticas.
O PT, desde o começo da crise, vive um dilema na relação com Sarney. Pelo menos 7 dos 12 senadores do partido a princípio defenderam o afastamento dele, enquanto durarem as investigações no Conselho.
Mas eles foram desautorizados por Lula, com o argumento de que o apoio de Sarney e do PMDB é crucial para a eleição de Dilma Rousseff em 2010.
Nove senadores petistas disputam reeleições no ano que vem. A ala anti-Sarney teme que o desgaste afete as campanhas. Os sarneyzistas rebatem dizendo que não se pode alienar o PMDB, dono de importantes máquinas nos Estados.
No Conselho de Ética, os três votos do PT são necessários para que pelo menos um processo contra Sarney seja aberto-sobre a contratação do namorado de sua neta por ato secreto.
O terceiro petista no Conselho é o senador João Pedro (AM), que é titular.


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