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Em São Paulo, "excluídos" evitam criticar governo
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar de a repulsa ao "mensalão" ter sido adicionada a palavras
de ordem, a política econômica
do governo Lula, e não a corrupção, foi o principal alvo de críticas
da edição do "Grito dos Excluídos" ontem em São Paulo.
Constrangidos, e para "não fazer o jogo da direita", manifestantes e lideranças -historicamente
próximos do PT- cobraram punição, mas evitaram citar o governo, o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva ou o partido.
O bordão "Brasil sem exclusão,
injustiça e "mensalão'" foi anunciado em missa na Igreja da Sé,
que iniciou o ato, e repetido na
marcha e no encerramento no
Monumento do Ipiranga (zona
sul), que reuniu cerca de 2.000
pessoas, segundo a Polícia Militar.
Após celebrar a missa, o bispo
Pedro Luiz Stringhini criticou a
política econômica de resultados
"artificiais", falou que a corrupção era um problema histórico e
pediu rigor nas investigações: "É
o grande grito contra a corrupção
na política. O povo não vai deixar
a impunidade continuar".
Lideranças petistas, como o senador Eduardo Suplicy, que assistiu à missa e pintou o rosto de verde amarelo com estudantes na
marcha, participaram do ato.
Mas, símbolo do constrangimento com a crise, não havia bandeiras do PT no ato -PSOL, PSTU
levaram material de campanha.
"Era o dia de o PT estar aqui. Era
o dia de ter uma massa muito
maior do que tem. Houve uma
grande desmobilização, que começou com a questão econômica
e há agora essa grande decepção",
disse Plínio de Arruda Sampaio,
candidato à presidência do PT. O
presidente da CUT, João Felício,
disse que a militância está "chateada, descrente", "diria até que
uma parte está envergonhada".
Para Célia Leme, das Comunidades Eclesiais de Base, oradora
da missa na Sé, os movimentos
estão perplexos: "Essa manifestação não é a favor nem contra Lula.
O que sabemos é que precisamos
construir uma nova alternativa".
Além de entidades católicas,
participaram do ato o MST, movimentos indígenas, de moradia e
em defesa de cotas na educação.
(FLÁVIA MARREIRO)
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