São Paulo, quinta-feira, 08 de setembro de 2005

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Em São Paulo, "excluídos" evitam criticar governo

DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar de a repulsa ao "mensalão" ter sido adicionada a palavras de ordem, a política econômica do governo Lula, e não a corrupção, foi o principal alvo de críticas da edição do "Grito dos Excluídos" ontem em São Paulo.
Constrangidos, e para "não fazer o jogo da direita", manifestantes e lideranças -historicamente próximos do PT- cobraram punição, mas evitaram citar o governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ou o partido.
O bordão "Brasil sem exclusão, injustiça e "mensalão'" foi anunciado em missa na Igreja da Sé, que iniciou o ato, e repetido na marcha e no encerramento no Monumento do Ipiranga (zona sul), que reuniu cerca de 2.000 pessoas, segundo a Polícia Militar.
Após celebrar a missa, o bispo Pedro Luiz Stringhini criticou a política econômica de resultados "artificiais", falou que a corrupção era um problema histórico e pediu rigor nas investigações: "É o grande grito contra a corrupção na política. O povo não vai deixar a impunidade continuar".
Lideranças petistas, como o senador Eduardo Suplicy, que assistiu à missa e pintou o rosto de verde amarelo com estudantes na marcha, participaram do ato. Mas, símbolo do constrangimento com a crise, não havia bandeiras do PT no ato -PSOL, PSTU levaram material de campanha.
"Era o dia de o PT estar aqui. Era o dia de ter uma massa muito maior do que tem. Houve uma grande desmobilização, que começou com a questão econômica e há agora essa grande decepção", disse Plínio de Arruda Sampaio, candidato à presidência do PT. O presidente da CUT, João Felício, disse que a militância está "chateada, descrente", "diria até que uma parte está envergonhada".
Para Célia Leme, das Comunidades Eclesiais de Base, oradora da missa na Sé, os movimentos estão perplexos: "Essa manifestação não é a favor nem contra Lula. O que sabemos é que precisamos construir uma nova alternativa".
Além de entidades católicas, participaram do ato o MST, movimentos indígenas, de moradia e em defesa de cotas na educação. (FLÁVIA MARREIRO)


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