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Igreja usa Grito dos Excluídos para pregar contra corrupção
Dom Cláudio Hummes pede que população não eleja mensaleiros e sanguessugas
Organizador de evento diz que este ano movimento decidiu propor exclusão da política daqueles flagrados praticando corrupção
LEANDRO BEGUOCI
DA REPORTAGEM LOCAL
As lideranças do Grito dos
Excluídos aproveitaram o momento eleitoral para atacar a
corrupção na política, mas sem
especificar candidatos, governos ou partidos.
Organizado pela Igreja Católica com o apoio de movimentos sociais como o MST, ONGs
como a Educafro (que defende
cotas para negros em universidades), sindicatos e associações
de sem-teto, o Grito surgiu em
1995 com o apoio de dom Luciano Mendes de Almeida, ex-presidente da CNBB. O bispo,
que morreu no mês passado,
era um dos principais entusiastas do evento que ocorre em várias partes do país no Sete de
Setembro.
Durante a missa que abriu o
Grito dos Excluídos na Catedral da Sé, o arcebispo de São
Paulo, cardeal dom Cláudio
Hummes, condenou a corrupção e pediu que a população
não vote em corruptos.
"A gente não deve votar em
corruptos, como as denúncias
dos mensaleiros e sanguessugas. A gente deve votar em gente honesta", afirmou o cardeal.
Dom Cláudio também criticou a política de segurança em
São Paulo. O cardeal disse que
há algo de errado em um Estado que "precisa construir uma
cadeia por mês" e que é preciso
"humanizar as cadeias".
Em Aparecida (167 km de São
Paulo), onde houve outra edição do evento, o arcebispo dom
Raymundo Damasceno também atacou a corrupção: "O
cristão não deve desanimar
diante dos insucessos, das dificuldades, da crise ética que estamos vivendo, da falta de paz
nas cidades, dos atentados contra a vida, desde a concepção".
Em São Paulo, os protestos
reuniram cerca de 3.000 pessoas, segundo a Polícia Militar,
e 10 mil, de acordo com os organizadores. Em Aparecida, estima-se 5.000 pessoas.
O único incidente do evento
de ontem foi quando a passeata
rumo ao Museu do Ipiranga
cruzou com um caminhão de
som do PSDB. Chamados de
mensaleiros pelo locutor do
carro tucano, os manifestantes
do Grito reagiram com vaias.
Corruptos
Neste ano, por causa das denúncias de corrupção contra o
governo de Luiz Inácio Lula da
Silva, o tema do Grito foi "Brasil: na força da indignação, sementes de transformação".
O objetivo, segundo os organizadores, era mostrar que a
crise ética não gerou apatia nos
movimentos sociais. Dom Demétrio Valentini, uma das principais lideranças, explica o tema: "O Grito dos Excluídos, que
é sempre contra a exclusão,
desta vez propõe uma exclusão:
excluir os que foram flagrados
na corrupção".
Colaborou a Agência Folha
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