São Paulo, segunda-feira, 08 de setembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ELEIÇÕES 2008 / SÃO PAULO

Governo Kassab cobra taxa do lixo de Marta

Dívida de R$ 463,84 se refere a parcelas do tributo, criado pela ex-prefeita, não pagas em 2003; petista diz que quitará débito

Ação judicial foi aberta cerca de 20 dias depois de Marta confirmar candidatura; Prefeitura de São Paulo nega objetivo eleitoral

ANTONIO ROCHA FILHO
SECRETÁRIO DE REDAÇÃO DO "AGORA"

A administração de Gilberto Kassab (DEM), candidato à reeleição para a Prefeitura de São Paulo, está cobrando judicialmente uma dívida referente a parcelas da taxa do lixo não pagas em 2003 por um apartamento localizado na rua da Consolação, Jardins (zona oeste), de propriedade da ex-prefeita Marta Suplicy (PT), também candidata à prefeitura.
A dívida, no valor atualizado de R$ 463,84 (encargos incluídos), refere-se à Taxa de Resíduos Sólidos Domiciliares, a taxa do lixo, não recolhida pela petista há cinco anos. A taxa foi criada naquele ano, na gestão da própria Marta (2001-2004), para financiar os sistemas de coleta, transporte, destinação final e tratamento do lixo, segundo a prefeitura. O tributo foi extinto em janeiro de 2006, já na administração José Serra/Gilberto Kassab.
Marta diz que desconhecia a dívida e promete quitá-la hoje (leia texto nesta página).
A assessoria de imprensa da Secretaria de Negócios Jurídicos da prefeitura disse não haver objetivos eleitorais na ação judicial contra Marta. Em junho último, a prefeitura informou que estava cobrando judicialmente 116 mil contribuintes com dívidas da taxa do lixo. Na ocasião, foi dito que os devedores seriam avisados por carta e, se não pagassem os débitos, seriam acionados na Justiça.
No caso do imóvel de Marta, um apartamento em um flat em um bairro de classe alta da capital, declarado pela candidata do PT em seu informe de bens à Justiça Eleitoral para as eleições deste ano, o valor mensal devido, segundo consulta no site da Secretaria Municipal de Finanças na internet, era de R$ 18,41 em 2003, mas não foi pago de abril a dezembro. A partir de janeiro de 2004, os pagamentos foram feitos.
Segundo o Tribunal de Justiça, o processo de execução fiscal (cobrança judicial) contra Marta foi aberto no dia 5 de abril de 2008. O ato ocorreu cerca de 20 dias após a petista confirmar, em conversa com o presidente Lula, que seria candidata à prefeitura.
Apesar da proximidade das datas, a Secretaria Municipal dos Negócios Jurídicos descarta que a medida tenha objetivos eleitorais (leia ao lado).
De acordo com um atendente do Departamento Fiscal da secretaria, se quiser quitar a dívida, a ex-prefeita pode aderir ao PPI (programa de parcelamento de dívidas da prefeitura) e obter desconto de até 40% no débito, o que reduziria o valor de R$ 463,84 para R$ 278,31.
Para o advogado Walter Henrique, presidente da Comissão Especial de Assuntos Tributários da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), a prefeitura pode cobrar dívidas antigas de uma taxa já extinta, pois a cobrança se refere a uma época em que o tributo estava em vigor. Segundo ele, a legislação obriga a prefeitura a cobrar os valores, que dizem respeito à taxa criada pela própria administração.


Texto Anterior: Campos Machado diz que contador errou e que corrigirá declaração à Justiça Eleitoral
Próximo Texto: Outro lado: Petista alega desconhecer débito de flat alugado e diz que fará pagamento hoje
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.