São Paulo, terça-feira, 08 de setembro de 2009

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Cutucando Alckmin

Assim como os apoiadores de Ciro Gomes (PSB) afirmam que será melhor para Lula ter dois governistas na cédula nacional de 2010, esboça-se em São Paulo um discurso segundo o qual José Serra (PSDB) poderia se beneficiar de mais de um palanque no Estado caso venha a disputar a Presidência.
A partir desse raciocínio, são colocados na mesa diferentes nomes, a depender do interesse do interlocutor: do ainda sem-partido Paulo Skaf (cuja possível candidatura já chegou a ser oferecida ao Planalto como pró-Dilma Rousseff) a Soninha (PPS).
Líder absoluto nas pesquisas, o tucano Geraldo Alckmin não vê a menor graça nessa movimentação.




Cizânia. Não há evidência de que Serra esteja estimulando a tese "um bloco, dois palanques". Mas ela corre pela boca de apoiadores do governador desconfortáveis com a ideia de que Alckmin seria um fato consumado.

Fortaleza. A dificuldade em fazer tal plano prosperar em SP é que, enquanto Dilma está num patamar inferior a 20% e semelhante ao de Ciro (na verdade, atrás dele em alguns cenários), o ex-governador é um candidato sentado em quase 50% de intenção de voto (com picos de 70% em algumas regiões do interior).

Mão dupla. Depois de colher frutos de negócios lucrativos para a França no Brasil, Nicolas Sarkozy teve de botar a mão no bolso na assinatura da ordem de serviço da primeira etapa da construção do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) do governo José Roberto Arruda (DEM-DF).

Prato frio. Irritados com as ações de procuradores e promotores contra políticos, líderes partidários na Câmara tentam dissociar o aumento do Ministério Público da proposta que concede reajuste ao Judiciário. O movimento é encabeçado pelo petebista Jovair Arantes (GO).

Liberado. Relator da reforma eleitoral no Senado, Eduardo Azeredo (PSDB-MG) topou retirar as restrições a opinião na web do texto que deve ir a votação. Será mantida a equiparação da internet a rádio e TV para a definição de regras para debates.

Em casa 1. As medidas até agora anunciadas para tentar reverter o descalabro administrativo do Senado passaram ao largo de um drible dos parlamentares na Receita Federal. Os senadores recebem os chamados 14º e 15º salários, respectivamente no início e no término da sessão legislativa, mas, ao contrário do que ocorre na Câmara e em Assembleias Legislativas pelo país, jamais recolheram imposto sobre esses valores.

Em casa 2. A justificativa do Senado para escapar da Receita Federal é que esses valores seriam uma espécie de verba indenizatória -além dos R$ 15 mil mensais a que têm direito nessa rubrica- e não salário. A remuneração mensal é de R$ 16.500.

Arquivo. Há um projeto em tramitação no Senado, de autoria de Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), para incorporar a atual verba indenizatória aos salários, que por sua vez seriam reajustados para R$ 24,5 mil -teto do Judiciário.

Guerra santa 1. Primeiro foi o PV. Agora, também o PSB e o PTB tentam levar o passe do vereador paulistano campeão de votos Gabriel Chalita, que gostaria de se candidatar a uma vaga no Senado, mas até agora não conseguiu sensibilizar o PSDB.

Guerra santa 2. No caso do PTB, o assédio não parte do deputado estadual Campos Machado, que comanda a sigla em São Paulo, mas sim do senador Gim Argello (DF), cabo eleitoral de Dilma Rousseff (Casa Civil). Assim como Argello, Chalita é ligado à Canção Nova, rede católica que os aliados da ministra adorariam tirar da órbita tucana às vésperas da eleição.

com VERA MAGALHÃES e SILVIO NAVARRO

Tiroteio

Não é só o potencial de petróleo que aproxima Brasil e Venezuela. Agora, como Chávez, Lula resolve incomodar o domingo dos brasileiros com longos discursos de cunho populista.

Do deputado ACM NETO (DEM-BA), criticando o pronunciamento de dez minutos de Lula na TV sobre o marco regulatório do pré-sal.

Contraponto

O tabuleiro do Michel

Michel Temer (PMDB-SP) recebeu, no gabinete da presidência da Câmara, um grupo de quebradeiras de coco do Maranhão que reivindicava a aprovação de projeto para garantir a preservação da área na qual trabalham. Diante das queixas pela demora na votação, o anfitrião resolveu apelar para uma metáfora:
-Fazer lei é como fazer cocada: tem de quebrar o coco, depois tirar a polpa, botar no fogo, misturar açúcar...
Convencido de que havia conseguido driblar a pressão, ele já se despedia do grupo quando uma senhora disse:
-Então façam como nós e se lembrem de que todo dia têm de catar o coco, quebrar... Ou não sai cocada!


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