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ROMBO AMAZÔNICO
Ex-senador nega envolvimento em supostos desvios da Sudam
Eleito com votação recorde, Jader volta a depor no Pará
MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGENCIA FOLHA, EM BELÉM
Um dia depois de ser eleito com
a maior votação para deputado
federal da história do Pará, com
343 mil votos, o ex-senador Jader
Barbalho (PMDB) voltou a ter de
se explicar sobre supostos desvios
de verbas federais da Sudam (Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia, já extinta).
Jader negou à Justiça Federal,
em Belém, envolvimento em fraudes na execução do projeto Usimar, com sede no Maranhão e
que não chegou a sair do papel. O
depoimento de Jader começou às
17h e acabou às 20h45.
Na denúncia, os procuradores
da República afirmam que foram
liberados R$ 44,1 milhões para a
implantação do projeto, avaliado
em R$ 1,8 bilhão.
Os interrogatórios atendem carta precatória expedida pelo juiz
federal da 2ª Vara do Tocantins,
Alderico Rocha Santos, para que
13 pessoas, todas elas residentes
em Belém, sejam ouvidas e apresentem defesa no caso. Entre outros denunciados estão a ex-governadora do Maranhão Roseana
Sarney (PFL), eleita senadora, seu
marido, Jorge Murad, Antônio José Guimarães, assessor de Jader, e
José Artur Guedes Tourinho, ex-superintendente da Sudam.
Tourinho foi eleito deputado estadual no Pará com apoio de Jader. Os dois tiveram pedido de
prisão preventiva há 16 dias acusados de desvios na Sudam pela
Justiça Federal de Mato Grosso,
mas conseguiram habeas corpus.
"Organização criminosa"
Em 75 laudas, cinco procuradores descrevem condutas que eles
classificam como de "complexidade típica de uma organização
criminosa, com divisão de funções e de grupos de agentes".
Após mostrarem, com quadros
e tabelas, a destinação dos recursos, eles concluem que a "movimentação [do dinheiro" espelha
que apenas pequena quantidade
dos recursos provenientes da Sudam, não mais que 20%, foram
efetivamente aplicados na Usimar. O restante foi desviado".
Os procuradores chamam Jader
de "controlador do esquema Sudam" e citam números de seis
cheques, que totalizam R$ 2,4 milhões, como prova de que ele recebeu o correspondente a 20% incidentes sobre parte dos recursos liberados para o projeto Usimar.
Segundo os procuradores, os
cheques eram entregues ao doleiro José Samuel Benzecry, dono da
casa de câmbio Cruzeiro, e ele
"providenciava a lavagem final
dos recursos, convertendo-os em
moeda estrangeira ou nacional, a
critério do denunciado Jader Barbalho, remetendo ou não quantias para o exterior".
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