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RENOVAÇÃO
Grupo dos rejeitados pela população inclui Paulo Maluf, Leonel Brizola, Orestes Quércia e Fernando Collor
Eleitores varrem lideranças tradicionais
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A eleição ficará marcada com o
avanço das esquerdas, mas está
servindo também de possível porta de aposentadoria para um grupo geracional de políticos que fracassou nas urnas -além de novatos que tropeçaram e foram barrados pelos eleitores.
Os casos que mais chamam a
atenção são os de políticos que
exerceram lideranças importantes durante o período da redemocratização do Brasil, no final dos
anos 70 e durante parte da década
de 80.
Foram rejeitados pelos eleitores
Paulo Maluf (PPB), Leonel Brizola (PDT), Orestes Quércia
(PMDB) e Fernando Collor
(PRTB). De certa forma, Jorge
Bornhausen (PFL) também sofreu um revés, pois não conseguiu
eleger seu filho, Paulinho, que disputou uma vaga para o cargo de
senador por Santa Catarina.
Embora esse grupo de políticos
tenha enfrentado dificuldades em
eleições anteriores, a derrota nunca havia sido tão contundente como a atual.
Paulo Maluf sempre perdeu
eleições seguidas, mas conseguia
passar para o segundo turno. Foi
assim em 1998 (governo de São
Paulo) e 2000 (Prefeitura de São
Paulo). Agora, ficou apenas em
terceiro lugar.
Seu ex-aliado político, Celso Pitta (PSL), que sucedeu a Maluf na
Prefeitura de São Paulo em 1997,
também foi afetado pela reação
do eleitorado. Embora tenha recebido mais de 85 mil votos, não deve conseguir uma vaga de deputado federal.
Um grupo de políticos mais jovens também foi rejeitado pelos
eleitores. Dante de Oliveira
(PSDB), que foi governador de
Mato Grosso e autor da emenda
constitucional das eleições diretas
no Brasil, não conseguiu uma vaga para o Senado.
Mesmo o PT, partido mais bem
sucedido na eleição até o momento, também sofreu revezes. Os petistas entraram no pleito governando cinco Estados -Acre,
Amapá, Mato Grosso do Sul, Rio
Grande do Sul e Rio. Terminado o
primeiro turno, a sigla só tem assegurada a manutenção do Acre.
Perdeu o Rio e tenta ganhar os demais no segundo turno.
No caso do Rio Grande do Sul, o
candidato petista Tarso Genro entra no segundo turno atrás nas
pesquisas em relação a seu adversário, Germano Rigotto (PMDB).
Entre os ganhadores mais significativos estão também políticos
tradicionais, com Antonio Carlos
Magalhães (PFL), que elegeu-se
senador pela Bahia. No ano passado, ACM renunciou ao cargo para
evitar a cassação do mandato.
Mas até a vitória de ACM foi dada com ressalvas pelos eleitores.
Primeiro, porque seus aliados não
conseguiram a vitória estrondosa
que o cacique prometia -Paulo
Souto, candidato do PFL vitorioso
ao governo baiano teve 53,69%, e
ficou não muito distante do principal adversário, Jacques Wagner
(PT), com 38,47%.
Em Salvador, ACM teve menos
votos (22,99%) para o Senado do
que o candidato derrotado do PT,
Waldir Pires (24,44%).
No PT, dois dos maiores vitoriosos são José Genoino, que está
no segundo turno para o governo
paulista, e Aloizio Mercadante,
dono da maior votação nominal
da história do Senado, com 10,4
milhões de votos.
Genoino teve 32,45% dos votos
válidos, dez pontos a mais do que
teve Marta Suplicy em 98, que obteve 22% em 1998 -um recorde
para o partido à época.
Outro vitorioso é Enéas Carneiro (Prona). Teve 1,566 milhão de
votos, elegeu-se deputado federal
e levará outros cinco deputados
do Prona para a Câmara.
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