São Paulo, terça-feira, 08 de outubro de 2002

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ARTICULAÇÕES

O PPS tende a declarar apoio a Lula no plano nacional e liberar o partido nos Estados para alianças regionais

Ciro pode ocupar cargo em gestão do PT

PATRICIA ZORZAN
LÚCIO VAZ
ENVIADOS ESPECIAIS A FORTALEZA (CE)

Um dia depois de Ciro Gomes (PPS) ter se comprometido em apoiar Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno, interlocutores do ex-governador já admitem que o pepessista pode vir a ocupar cargos em um eventual governo petista. Segundo lideranças do partido ouvidas pela Folha, o assunto não teria sido discutido na conversa de anteontem entre Ciro e Lula. "Mas tudo vai depender da convivência entre eles durante a campanha", disse um aliado do presidenciável derrotado.
O pepessista, que, segundo seus assessores, passou ontem o dia com a família em Fortaleza, recebeu um telefonema de José Dirceu, presidente nacional do PT, ainda no dia da eleição. Depois dele, foi a vez de Lula conversar com o ex-governador.
No diálogo, ficou acertado que Ciro declararia seu apoio ao PT ontem. No início da tarde, entretanto, o ex-governador cancelou entrevista marcada e informou que se manifestará sobre o tema somente hoje, após se reunir com a direção do PPS.
Um encontro entre ele, o presidente da sigla, Roberto Freire, e outros membros da Executiva deve ocorrer hoje, em Fortaleza. Freire viajou ontem à tarde a São Paulo para se reunir com Dirceu.
A tendência do PPS é declarar seu apoio a Lula em nível nacional, liberando o partido nos Estados para alianças que atendam a seus interesses regionais. Este é o caso, por exemplo, de São Paulo e do Ceará, Estados em que a legenda deve apoiar o PSDB em disputas contra petistas.
A decisão de Ciro de aderir a Lula antes de discutir o assunto com o PPS surpreendeu integrantes da sigla, que chegaram a considerar o gesto precipitado.
Líderes do partido, entretanto, não descartam a hipótese de que a adesão tenha sido anunciada como forma de evitar que Freire, amigo pessoal de Fernando Henrique Cardoso, fosse cooptado por José Serra (PSDB).
O temor é justificável: além de não ser um "grande entusiasta" do PT, nas palavras de um dirigente da legenda próximo ao senador, Freire já havia dito publicamente que não considera uma eventual vitória do tucano prejudicial ao país. Diante da "ajuda" de Ciro e do comportamento de Serra em relação ao candidato do PPS na campanha, a sigla considerava ontem ""queimadas todas as pontes" do PPS com o PSDB.
O PTB também deve discutir seu rumo no segundo turno em uma série de encontros a partir de hoje em Brasília. O deputado Walfrido Mares Guia afirmou ontem haver no partido uma tendência "pró-Lula". O presidente da legenda, José Carlos Martinez, de acordo com correligionários, também prefere o PT.
A possibilidade de uma vitória petista fez com que até mesmo petebistas contrários ao PT mudassem de opinião sobre uma eventual adesão a Lula. Encerrada a votação no domingo, já diziam sentir uma ""onda Lula" na sigla. O PDT de Leonel Brizola considera certo o apoio do partido ao petista, embora a decisão não tenha sido formalizada.



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