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ARTICULAÇÕES
O PPS tende a declarar apoio a Lula no plano nacional e liberar o partido nos Estados para alianças regionais
Ciro pode ocupar cargo em gestão do PT
PATRICIA ZORZAN
LÚCIO VAZ
ENVIADOS ESPECIAIS A FORTALEZA (CE)
Um dia depois de Ciro Gomes
(PPS) ter se comprometido em
apoiar Luiz Inácio Lula da Silva
(PT) no segundo turno, interlocutores do ex-governador já admitem que o pepessista pode vir a
ocupar cargos em um eventual
governo petista. Segundo lideranças do partido ouvidas pela Folha,
o assunto não teria sido discutido
na conversa de anteontem entre
Ciro e Lula. "Mas tudo vai depender da convivência entre eles durante a campanha", disse um aliado do presidenciável derrotado.
O pepessista, que, segundo seus
assessores, passou ontem o dia
com a família em Fortaleza, recebeu um telefonema de José Dirceu, presidente nacional do PT,
ainda no dia da eleição. Depois
dele, foi a vez de Lula conversar
com o ex-governador.
No diálogo, ficou acertado que
Ciro declararia seu apoio ao PT
ontem. No início da tarde, entretanto, o ex-governador cancelou
entrevista marcada e informou
que se manifestará sobre o tema
somente hoje, após se reunir com
a direção do PPS.
Um encontro entre ele, o presidente da sigla, Roberto Freire, e
outros membros da Executiva deve ocorrer hoje, em Fortaleza.
Freire viajou ontem à tarde a São
Paulo para se reunir com Dirceu.
A tendência do PPS é declarar
seu apoio a Lula em nível nacional, liberando o partido nos Estados para alianças que atendam a
seus interesses regionais. Este é o
caso, por exemplo, de São Paulo e
do Ceará, Estados em que a legenda deve apoiar o PSDB em disputas contra petistas.
A decisão de Ciro de aderir a Lula antes de discutir o assunto com
o PPS surpreendeu integrantes da
sigla, que chegaram a considerar
o gesto precipitado.
Líderes do partido, entretanto,
não descartam a hipótese de que a
adesão tenha sido anunciada como forma de evitar que Freire,
amigo pessoal de Fernando Henrique Cardoso, fosse cooptado
por José Serra (PSDB).
O temor é justificável: além de
não ser um "grande entusiasta"
do PT, nas palavras de um dirigente da legenda próximo ao senador, Freire já havia dito publicamente que não considera uma
eventual vitória do tucano prejudicial ao país. Diante da "ajuda"
de Ciro e do comportamento de
Serra em relação ao candidato do
PPS na campanha, a sigla considerava ontem ""queimadas todas
as pontes" do PPS com o PSDB.
O PTB também deve discutir
seu rumo no segundo turno em
uma série de encontros a partir de
hoje em Brasília. O deputado
Walfrido Mares Guia afirmou ontem haver no partido uma tendência "pró-Lula". O presidente
da legenda, José Carlos Martinez,
de acordo com correligionários,
também prefere o PT.
A possibilidade de uma vitória
petista fez com que até mesmo petebistas contrários ao PT mudassem de opinião sobre uma eventual adesão a Lula. Encerrada a
votação no domingo, já diziam
sentir uma ""onda Lula" na sigla.
O PDT de Leonel Brizola considera certo o apoio do partido ao petista, embora a decisão não tenha
sido formalizada.
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