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Graças a FHC, Paris e Berlim preferem Serra
MÁRCIO SENNE DE MORAES
DA REDAÇÃO
Os governos francês e alemão
preocupam-se com a instabilidade gerada pelo processo eleitoral
brasileiro e, implicitamente, vêem
com bons olhos a possibilidade de
o candidato do PSDB à Presidência, José Serra -que, para eles, representa a continuidade das políticas de Fernando Henrique Cardoso-, seja eleito, segundo analistas consultados pela Folha.
"Para Paris, é essencial que haja
previsibilidade, pois, sem ela, o
clima é desfavorável às relações
bilaterais e às empresas que têm
negócios no Brasil", explicou Alfredo Valladão, brasileiro que dirige a cátedra Mercosul do Instituto de Estudos Políticos de Paris.
"Na Alemanha, torcemos apenas para que a instabilidade econômica atual não provoque no
Brasil uma crise similar à que assola a Argentina", apontou Manfred Nitsch, especialista em economia política e membro do Instituto para a América Latina da
Universidade Livre de Berlim.
"Serra é pouco conhecido aqui,
porém é diretamente associado à
figura do atual presidente, que
tem uma ótima reputação no país.
Com isso, ele é considerado o candidato da manutenção da orientação atual", disse Nitsch, que esteve no Brasil em agosto passado.
"O novo governo da França
[eleito em junho", que é de centro-direita, dá muito valor à estabilidade. Como é o candidato do
governo, Serra tem a preferência
implícita dos dirigentes franceses,
que têm um bom relacionamento
com FHC", afirmou Valladão.
Uma questão que inquieta bastante o mercado financeiro, mas
nem tanto Paris e Berlim, é a possibilidade da quebra de contratos.
Os especialistas não acreditam
que isso venha a ocorrer independentemente de quem for eleito.
"Lula [Luiz Inácio Lula da Silva,
PT", que, teoricamente, é o candidato mais de esquerda, é visto pelos alemães como um tipo de Lech
Walesa brasileiro. A exemplo do
ex-presidente polonês, trata-se de
um líder trabalhista que, caso fosse eleito, teria preocupações sociais, mas não poria em xeque a
essência do sistema liberal. Ninguém pensa que ele deixaria de
cumprir contratos já firmados pelo governo", declarou Nitsch.
"É claro que uma quebra de
contratos seria terrível para os
franceses, que investiram muito
no Brasil nos últimos anos. Entretanto o Partido Socialista, que liderou o governo francês de 1997 a
2002, tem laços estreitos com o
PT, e nenhum socialista crê que
Lula deixe de cumprir o que já foi
estabelecido", avaliou Valladão.
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