São Paulo, sábado, 08 de outubro de 2005

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PAINEL

Nós e eles
Na reunião com os deputados petistas, Lula bateu pesado nas CPIs em curso, notadamente a dos Bingos. "Fico muito irritado quando vejo um ladrão perguntando para uma pessoa honesta", vociferou o presidente.

Arroz-de-festa
Lula gostou especialmente da intervenção de Leonardo Medeiros (PT-MG), que relatou ter sido abordado no supermercado por um eleitor que defendia um segundo mandato para o presidente sob o argumento de que o arroz baixara muito de preço. "Então! Por que não divulgamos isso?", exortou Lula.

CPI do sorteio
Com tanta denúncia na praça, houve quem levantasse suspeita sobre a lisura do sorteio que definiu os oradores do encontro com o presidente, a maioria do baixo clero e nenhum dos sete cassáveis. "Acho que os nomes deles não foram colocados nos papéis", apostou um deputado.

Trio parada dura
Petistas no corredor da cassação enxergam digitais de Aldo Rebelo (PC do B-SP), Eduardo Campos (PSB-PE) e Arlindo Chinaglia (PT-SP), com aval do Planalto e do comando do partido, na tentativa de costurar a renúncia coletiva do grupo.

Não fica um
"Alguns vão ficar na esperança de se salvar no plenário. Mas é uma doce ilusão. Serão todos cassados", vaticina um governista segundo quem a Mesa Diretora e o Conselho de Ética, sob o olhar da opinião pública, não moverão palha para salvar nenhum dos "mensaleiros".

Bombachas de molho
Em pleno corpo-a-corpo na tentativa de evitar ou no mínimo postergar sua cassação, José Dirceu (PT-SP) pediu ajuda a um parlamentar gaúcho para convencer a bancada do Estado de sua inocência. Como resposta, ouviu que, ali, suas chances de sucesso são remotas.

Faltou o principal
Até Marcos Valério estranhou o fato de Delúbio Soares ter escapado da acareação aprovada pela CPI do Mensalão. Além do empresário, outras cinco pessoas ficarão frente a frente para debater o repasse de recursos a parlamentares. "Não chamaram o dono do dinheiro", reclamou.

Linha direta 1
A quebra dos sigilos telefônicos de Delúbio Soares revelou seis ligações do ex-tesoureiro do PT, durante o governo Lula, para Marcus Flora, que foi secretário-executivo da Secom na gestão de Luiz Gushiken.

Linha direta 2
Flora entrou no mapa da CPI dos Correios em razão dos contratos das agências de publicidade de Marcos Valério com o governo e dos registros de seus encontros com o empresário mineiro na agenda da ex-secretária Fernanda Karina Somaggio.

Pilha nova
A CPI dos Correios ganhará munição na próxima semana. O Tribunal de Contas da União avisou ontem que entregará uma primeira leva de relatórios finais sobre suas investigações em contratos do governo.

Livre-expressão
O senador Delcídio Amaral (PT-MS) alega que o termo "orçamentação", por ele utilizado em sessão da CPI dos Correios, é de uso corrente no Congresso, embora não seja dicionarizado.

Calendário
Será no dia 18 de novembro, uma sexta-feira, e não no dia 19, a convenção em que o senador Tasso Jereissati (CE) será escolhido presidente do PSDB.

No ar
O novo presidente da Câmara dos Deputados, Aldo Rebelo (PC do B-SP), irá na próxima terça-feira ao "Programa do Jô".

TIROTEIO

Do prefeito do Rio, Cesar Maia (PFL), a respeito da renovada loquacidade do presidente da República, que passou a semana atacando a suposta falta de "concretude" das investigações sobre seu governo e ontem disse, referindo-se à oposição, que "não somos iguais a eles":
-Lula está saliente porque recebeu a visita da saúde. Aquela visita que precede o coma.

CONTRAPONTO

As contas de Pero Vaz

Em recentes sessão da CPI dos Bingos, o senador Heráclito Fortes (PFL-PI) propunha a quebra dos sigilos de todas as agências de publicidade com negócios no governo federal quando o petista Tião Viana (AC) pediu a palavra e se opôs à providência:
-Então vamos quebrar de períodos relativos aos governos anteriores também!
Em resposta, Héraclito argumentou que a administração atual era o foco da apuração.
Foi a deixa para que outros governistas afirmassem que a corrupção não surgiu agora.
-Ah, tudo bem. Eu concordo, correto-, disse o pefelista, para emendar logo em seguida:
-Vamos quebrar sigilos desde 1500, desde a Descoberta!
Todos riram, e a sessão seguiu como se o assunto fosse página virada. Até Heráclito retomar:
-Por favor, senhor presidente, ninguém da área técnica da CPI fez o meu requerimento!


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