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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/RETÓRICA DA CRISE
Deputados reclamam das taxas de juros, mas ministro e presidente do BC deixam claro que a prioridade é o controle da inflação
Criticado, Palocci diz ao PT que rumo não muda
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Antonio Palocci
(Fazenda) e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles,
afastaram ontem, em reunião
com petistas, a possibilidade de
adotarem atitudes arrojadas na
economia, mas sinalizaram que
podem ceder em uma negociação
futura.
Os 11 deputados que foram sorteados para falar no encontro reclamaram da política econômica,
alguns de forma irônica.
Palocci admitiu dialogar com os
críticos da bancada e Meirelles
afirmou que o governo busca a redução dos juros básicos da economia, embora a prioridade seja o
controle da inflação.
Além disso, Palocci negou que a
política econômica seja uma repetição da adotada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
Lula também falou sobre os números da economia, comemorou
os índices citados, mas foi cauteloso ao falar dos juros e do superávit primário. "Temos o objetivo
de, no futuro, reduzir a taxa de juros e o superávit primário. Mas
hoje não dá."
O superávit deste ano está estipulado em 4,25% do PIB (Produto Interno Bruto), mas atingiu até
agosto 6,26% (R$ 78,9 bilhões).
Em resposta aos deputados, Palocci afirmou que o governo
"apertou o cinto" no início do
ano, mas prevê aumento de gastos até dezembro, o que reduziria
o superávit para um índice próximo aos 4,25%.
Já sobre a taxa básica de juros,
hoje em 19,5% ao ano, tanto Palocci quanto Meirelles afirmaram
que a intenção é de promover
queda gradual, mas que a prioridade é o controle da inflação.
Segundo relato de presentes,
Palocci afirmou que o governo
não vai permitir que uma atitude
"mais arrojada" coloque em risco
os ganhos econômicos.
O ministro disse que não haverá
aumento irresponsável de gastos
em 2006, ainda de acordo com
pessoas presentes no encontro.
Já Meirelles, segundo relatos,
afirmou que vai perseguir a política de queda de juros e pediu paciência, reafirmando que a prioridade é o controle da inflação.
Os 67 deputados receberam
uma cartilha com o desempenho
econômico e social do governo.
Um dos principais pontos abordados foi a geração de empregos
formais, que teria chegado a 1,37
milhão de postos neste ano contra
645 mil do primeiro ano de governo de Lula (2003) e 762 mil do último ano do governo FHC (2002).
Palocci afirmou, sempre de
acordo com deputados presentes,
que a política adotada pelo governo não é igual à do governo anterior. Ele disse ainda ser impossível
que o governo cumpra a medida
que determina gasto mínimo em
saúde, já que isso exigiria um
aporte extra, neste ano, de R$ 12
bilhões. Os ministros foram criticados pelos deputados pelo fato
de o governo insistir em incluir o
Bolsa-Família como gasto na área
de saúde, que é uma manobra para tentar cumprir a medida.
Os ministros defenderam as
realizações do governo e citaram
números positivos nas áreas econômica e social, desde as famílias
atendidas pelo Bolsa-Família até a
queda no preço do arroz e do cimento. Quando Orlando Desconsi (RS) pediu a queda de juros e a
fixação de um preço mínimo para
produtores de arroz, Palocci o interrompeu: "E o consumidor que
se beneficia do preço baixo como
fica?". Dilma Roussef (Casa Civil)
não teve tempo para falar no encontro, mas marcou uma reunião
com a bancada de deputados para
o dia 17.
(RANIER BRAGON, ANA FLOR E FÁBIO ZANINI)
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