São Paulo, sábado, 08 de outubro de 2005

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Oposição ironiza declarações de Lula a petistas

ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ex-integrantes da bancada do governo Fernando Henrique Cardoso receberam com ironia as comparações feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a reunião de ontem com a bancada do PT. No encontro, Lula criticou os deputados petistas por não defenderem "as realizações" do governo, que, segundo ele, são "maiores do que os oito anos do Fernando Henrique".
O deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ) chamou o presidente Lula de "psicótico". "Só Freud [Sigmund Freud, o pai da psicanálise] explica esse comportamento. É uma atitude típica de quem sabe da sua culpa", disse. "Pois exagera nas mentiras para se convencer que são verdades."
O deputado Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) foi líder da bancada peemedebista durante o governo Fernando Henrique Cardoso. Integrante da ala oposicionista ao atual governo, Geddel ridiculariza as declarações do presidente Lula.
"Cada vez mais, Lula assume a atitude de um nefelibata [pessoa que vive nas nuvens]. Alguém precisa falar para o presidente que os petistas não defendem o governo porque a cota de mentiras está sendo gasta na CPI", afirmou.
Ex-líder do governo no Congresso durante o governo FHC, o deputado Ricardo Barros (PP-PR) diz que os petistas têm dificuldades para defender o governo porque acordos nunca são cumpridos por ministros. "Isso não acontecia na época do Fernando Henrique. Hoje em dia, a palavra do líder do governo [Arlindo Chinaglia (PT-SP)] não vale nada."
O senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) disse ontem no Rio que identifica "um grande esforço por setores do governo para evitar que a investigação [das CPIs] vá ao fim e vá fundo". Desse esforço faria parte a possível renúncia dos deputados petistas investigados.
Na reunião, Lula voltou a criticar a CPI dos Bingos. A comissão é o principal alvo do presidente porque aprovou uma acareação entre o chefe-de-gabinete dele, Gilberto Carvalho, e dois irmãos do ex-prefeito de Santo André Celso Daniel que denunciam esquema de corrupção naquela cidade. Autor da proposta da acareação, o líder do PFL no Senado, José Agripino (RN), criticou as declarações de Lula. "O presidente disse que tinha de se "apurar tudo doa a quem doer". Está doendo nele próprio, já que seu chefe-de-gabinete está envolvido", disse.


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