São Paulo, sábado, 08 de outubro de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/HORA DAS CASSAÇÕES

De seis deputados ameaçados de cassação, apenas um admite abrir mão do mandato antes do início do processo no Conselho de Ética

Petistas descartam renúncia em bloco

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA


Seis deputados federais do PT ameaçados de cassação por envolvimento no "mensalão" descartaram ontem a possibilidade de uma renúncia em bloco, mas alguns deles estudam abrir mão do mandato para manterem os direitos políticos e poderem concorrer no próximo ano.
No total, sete parlamentares petistas podem perder o mandato -seis cujo processo ainda não foi aberto no Conselho de Ética e José Dirceu (SP), este com processo em andamento. Dos seis que ainda podem renunciar, apenas um tem sinalizado, nos bastidores, que deve tomar a iniciativa antes do provável início do processo no Conselho de Ética, previsto para a próxima semana. É o ex-líder do PT na Câmara Paulo Rocha.
Na outra ponta, o Professor Luizinho (SP), que foi líder do governo, tem avisado aos companheiros de processo que não vai renunciar, nem que seja cassado e fique inelegível por dez anos.
Os demais dizem que tendem a não renunciar, mas, reservadamente, indicam que ainda não tomaram uma decisão e que podem optar por esse caminho, o que teria de ocorrer na próxima semana, quando o Conselho de Ética deve receber seus processos.
Rocha e Luizinho jantaram na última quinta com os também envolvidos petistas João Paulo Cunha (SP), ex-presidente da Câmara, e José Mentor (SP), ex-relator da CPI do Banestado. Ninguém fechou a favor da renúncia nem admite que tenha havido pressão -seja do Planalto, seja do PT.
Ontem, após a reunião da bancada petista com Lula, Luizinho, Rocha e Mentor voltaram a se encontrar, em um restaurante.
Mentor recebeu o telefonema de uma filha na hora do almoço, dizendo que lera na imprensa sobre a hipótese da renúncia. Ele respondeu a ela que não pretendia fazer isso. Depois, disse à Folha: "Não cogito, não fui convidado a renunciar, não ouvi proposta nenhuma do PT nesse sentido".
Sobre a reunião com Lula, João Paulo disse: "Diziam que o presidente iria nos pressionar, mas ele fez o contrário, conclamou a bancada a ser solidária conosco".
Os petistas têm dois temores. Um é que José Dirceu seja cassado daqui a dez dias "abrindo a porteira" das cassações. O outro é que os envolvidos de outros partidos renunciem e eles fiquem isolados. Nesse caso, acham que o Conselho poderá ser compelido a cassá-los para dar uma resposta à opinião pública e evitar a crítica de que houve "pizza".
Dos demais deputados de outros partidos ameaçados de cassação, só José Borba (PMDB-PR) e José Janene (PP-PR) cogitam a possibilidade de renunciar.


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