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ELEIÇÕES 2006 / RIO DE JANEIRO
Cabral isenta Lula e diz que não dará cargo a Garotinho
Segundo senador, ex-governador disse que vai "cuidar da vida após a eleição"
Candidato nega ter feito
barganha com Crivella e diz
que ele tinha razão em pedir
a retirada do projeto de
união civil de homossexuais
SERGIO COSTA
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
Sérgio Cabral Filho (PMDB)
absolve Lula de envolvimento
com os escândalos de corrupção; afirma que votou em Cristovam Buarque no primeiro
turno; diz que Garotinho não
pediu nem terá cargos em seu
governo; e criticou a gestão da
aliada Rosinha Matheus.
FOLHA - Por que Lula?
SÉRGIO CABRAL FILHO - Porque é o
candidato que representa o
campo popular. Lula me surpreendeu. Conseguiu responsabilidade com a política monetária. Ao mesmo tempo, teve
a capacidade de fazer distribuição de renda.
FOLHA - Então o sr. está repetindo
o voto do primeiro turno?
CABRAL FILHO - Não.
FOLHA - Em quem o sr. votou?
CABRAL FILHO - Eu votei no Cristovam [Buarque].
FOLHA - Se for eleito, o PT vai participar de seu governo?
CABRAL FILHO - O PT tem uma
relação muito estreita comigo,
mas vou escolher meus secretários pelo critério técnico.
FOLHA - O PT vai participar ou não?
CABRAL FILHO - Não posso dizer
se vai participar porque temos
de ganhar a eleição primeiro.
FOLHA - O governo do Rio não é pequeno demais para o PT e a turma
de Garotinho?
CABRAL FILHO - Eu não sou turma de ninguém.
FOLHA - Acomodar Garotinho e o
PT, que ele chamava de "partido da
boquinha", não é complicado?
CABRAL FILHO - Comigo o PT
nunca teve uma relação de fisiologismo.
FOLHA - Qual seria o papel de Garotinho em seu governo?
CABRAL FILHO - Ele não pediu para ter papel nenhum nem vai
ter papel nenhum. Ele vai cuidar da vida dele após a eleição.
Ele já me disse isso.
FOLHA - Ele disse para o sr: "Vou
cuidar da minha vida, não quero nada com seu governo"?
CABRAL FILHO - Falou, falou.
FOLHA - Retirar o projeto de união
entre pessoas do mesmo sexo para
ter o apoio de Marcelo Crivella não
dá a impressão de barganha?
CABRAL FILHO - Não foi barganha. Apresentei o projeto em
2003. Estamos em 2006. Não
teve um parecer. É um recado
do Senado. Crivella ponderou
comigo com muita razoabilidade: "Sérgio, sei que você é um
defensor dos direitos civis dos
gays. Respeito sua posição, mas
você está mudando o artigo da
lei que fala em casamento. Você
não é padre, não é bispo, não é
pastor. Casamento, pô?" Respondi que ele tinha razão e que
ia retirar. Tenho uma lei estadual que garante os direitos
previdenciários para pessoas
do mesmo sexo, que vou cumprir quando for governador.
FOLHA - Por que todo candidato ao
governo promete melhorar a segurança e, ao assumir, não consegue?
CABRAL FILHO - Segurança precisa de gestão focada na eficiência, no combate à corrupção interna e na integração com os
governos municipais e o governo federal. A Polícia Militar e a
Civil do Rio não têm a mesma
freqüência, não se falam. Isso é
uma barbaridade. Urbanização
nas comunidades, acessibilidade, abertura de ruas e avenidas.
FOLHA - Para isso o sr. terá de estar
irmanado com o prefeito. Mas o sr.
disse que vai processar Cesar Maia.
CABRAL FILHO - Tenho relação
ótima com ele.
FOLHA - É possível ter relação ótima com quem o sr. vai processar?
CABRAL FILHO - São coisas diferentes. A pessoa física, eu trato
de uma maneira. A jurídica...
FOLHA - Quais suas críticas ao casal
Garotinho?
CABRAL FILHO - Eles têm a maneira deles de fazer política. Eu
tenho a minha. O que estiver
errado, vou modificar, o que estiver certo, vou dar continuidade, como a rede de proteção social e o Restaurante Popular.
FOLHA - Esse é um aspecto positivo. E os negativos?
CABRAL FILHO - A gestão da saúde, da segurança, da educação e
a questão da água e do esgoto
precisam melhorar.
FOLHA - Quais as críticas que o sr.
faz ao governo Lula?
CABRAL FILHO - A política de juros poderia ter sido um pouco
mais agressiva na sua redução.
FOLHA - E estes episódios de corrupção que têm sido relatados?
CABRAL FILHO - O importante é
que estão sendo punidos.
FOLHA - Ele não sabia de nada?
CABRAL FILHO - Olha, até agora
não se provou o contrário.
FOLHA - Mas o sr. acredita?
CABRAL FILHO - Não se provou o
contrário, por isso eu acredito.
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