São Paulo, domingo, 08 de outubro de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / RIO DE JANEIRO

Cabral isenta Lula e diz que não dará cargo a Garotinho

Segundo senador, ex-governador disse que vai "cuidar da vida após a eleição"

Candidato nega ter feito barganha com Crivella e diz que ele tinha razão em pedir a retirada do projeto de união civil de homossexuais

SERGIO COSTA
SERGIO TORRES

DA SUCURSAL DO RIO

Sérgio Cabral Filho (PMDB) absolve Lula de envolvimento com os escândalos de corrupção; afirma que votou em Cristovam Buarque no primeiro turno; diz que Garotinho não pediu nem terá cargos em seu governo; e criticou a gestão da aliada Rosinha Matheus.  

FOLHA - Por que Lula?
SÉRGIO CABRAL FILHO
- Porque é o candidato que representa o campo popular. Lula me surpreendeu. Conseguiu responsabilidade com a política monetária. Ao mesmo tempo, teve a capacidade de fazer distribuição de renda.

FOLHA - Então o sr. está repetindo o voto do primeiro turno?
CABRAL FILHO
- Não.

FOLHA - Em quem o sr. votou?
CABRAL FILHO
- Eu votei no Cristovam [Buarque].

FOLHA - Se for eleito, o PT vai participar de seu governo?
CABRAL FILHO
- O PT tem uma relação muito estreita comigo, mas vou escolher meus secretários pelo critério técnico.

FOLHA - O PT vai participar ou não?
CABRAL FILHO
- Não posso dizer se vai participar porque temos de ganhar a eleição primeiro.

FOLHA - O governo do Rio não é pequeno demais para o PT e a turma de Garotinho?
CABRAL FILHO
- Eu não sou turma de ninguém.

FOLHA - Acomodar Garotinho e o PT, que ele chamava de "partido da boquinha", não é complicado?
CABRAL FILHO
- Comigo o PT nunca teve uma relação de fisiologismo.

FOLHA - Qual seria o papel de Garotinho em seu governo?
CABRAL FILHO
- Ele não pediu para ter papel nenhum nem vai ter papel nenhum. Ele vai cuidar da vida dele após a eleição. Ele já me disse isso.

FOLHA - Ele disse para o sr: "Vou cuidar da minha vida, não quero nada com seu governo"?
CABRAL FILHO
- Falou, falou.

FOLHA - Retirar o projeto de união entre pessoas do mesmo sexo para ter o apoio de Marcelo Crivella não dá a impressão de barganha?
CABRAL FILHO
- Não foi barganha. Apresentei o projeto em 2003. Estamos em 2006. Não teve um parecer. É um recado do Senado. Crivella ponderou comigo com muita razoabilidade: "Sérgio, sei que você é um defensor dos direitos civis dos gays. Respeito sua posição, mas você está mudando o artigo da lei que fala em casamento. Você não é padre, não é bispo, não é pastor. Casamento, pô?" Respondi que ele tinha razão e que ia retirar. Tenho uma lei estadual que garante os direitos previdenciários para pessoas do mesmo sexo, que vou cumprir quando for governador.

FOLHA - Por que todo candidato ao governo promete melhorar a segurança e, ao assumir, não consegue?
CABRAL FILHO
- Segurança precisa de gestão focada na eficiência, no combate à corrupção interna e na integração com os governos municipais e o governo federal. A Polícia Militar e a Civil do Rio não têm a mesma freqüência, não se falam. Isso é uma barbaridade. Urbanização nas comunidades, acessibilidade, abertura de ruas e avenidas.

FOLHA - Para isso o sr. terá de estar irmanado com o prefeito. Mas o sr. disse que vai processar Cesar Maia.
CABRAL FILHO
- Tenho relação ótima com ele.

FOLHA - É possível ter relação ótima com quem o sr. vai processar?
CABRAL FILHO
- São coisas diferentes. A pessoa física, eu trato de uma maneira. A jurídica...

FOLHA - Quais suas críticas ao casal Garotinho?
CABRAL FILHO
- Eles têm a maneira deles de fazer política. Eu tenho a minha. O que estiver errado, vou modificar, o que estiver certo, vou dar continuidade, como a rede de proteção social e o Restaurante Popular.

FOLHA - Esse é um aspecto positivo. E os negativos?
CABRAL FILHO
- A gestão da saúde, da segurança, da educação e a questão da água e do esgoto precisam melhorar.

FOLHA - Quais as críticas que o sr. faz ao governo Lula?
CABRAL FILHO
- A política de juros poderia ter sido um pouco mais agressiva na sua redução.

FOLHA - E estes episódios de corrupção que têm sido relatados?
CABRAL FILHO
- O importante é que estão sendo punidos.

FOLHA - Ele não sabia de nada?
CABRAL FILHO
- Olha, até agora não se provou o contrário.

FOLHA - Mas o sr. acredita?
CABRAL FILHO
- Não se provou o contrário, por isso eu acredito.


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