São Paulo, segunda-feira, 08 de outubro de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE painel@uol.com.br

Anti-trator

Temendo que o antigo Campo Majoritário do PT retome o controle absoluto do partido como nos tempos pré-mensalão, outras correntes se uniram para minar seu poder de fogo nas eleições internas de dezembro.
Numa rara ação em bloco contra o grupo de Lula, elas aprovaram no Diretório Nacional uma regra que exclui da votação estadual e nacional as cidades onde não há diretórios municipais, só comissões provisórias. Pelas primeiras projeções, a manobra deixa de fora da sucessão petista 80 mil filiados -quase 10% de todo o eleitorado-, a maioria ligada ao antigo Campo. Apesar de não ameaçar o favoritismo do atual presidente, Ricardo Berzoini, a medida deve dar fôlego às minorias na composição da nova direção partidária.

Doeu. Dirigentes do antigo Campo Majoritário saíram atirando após a derrota no Diretório Nacional. "É um ato arbitrário de uma maioria eventual", diz Paulo Ferreira, secretário de Finanças do PT.

Sabão. De Jarbas Vasconcelos (PE), por telefone, para o líder de seu partido, o PMDB, Valdir Raupp (RO), ao saber que havia sido sacado da CCJ do Senado: "Tinha o senhor na conta de um senador de compostura, mas agora vejo que não é". E desligou.

De saída. PDT, PSB e PC do B ameaçam deixar o bloco do governo no Senado por ficarem de fora das reuniões de terça em que o PT decide a linha de atuação. "Somos bloco só para fazer número", diz Renato Casagrande (PSB-ES).

Tartaruga. Por causa do feriado de sexta-feira, governistas da Câmara vêem poucas chances de votar a CPMF em 2º turno ainda esta semana. A não ser, dizem, que o Planalto volte a retirar medidas provisórias que trancam a pauta.

Régua 1. Os últimos quatro assessores remanescentes do Núcleo de Assuntos Estratégicos, englobado pela Secretaria de Longo Prazo, de Mangabeira Unger, foram demitidos na sexta-feira passada. Eram três oficiais da reserva ligados ao coronel Oswaldo Oliva, ex-coordenador do NAE, e uma assessora.

Régua 2. A justificativa para as demissões é que, depois da "readequação" da secretaria para ministério extraordinário, não havia cargos de confiança suficientes para abrigar toda a estrutura do NAE. Mas Mangabeira aproveitou a chance para se livrar do grupo de Oliva, que deixou o posto logo no anúncio da criação da nova estrutura e se tornou assessor do Planalto.

Primo pobre. O governador Paulo Hartung (PMDB-ES) e seus aliados no Congresso se afastaram de Lula por causa do tratamento dispensado ao Estado, em comparação com o vizinho Sérgio Cabral. Enquanto o Rio terá farta verba do PAC, o Espírito Santo recebeu R$ 600 mi, dos quais só R$ 50 mi são investimentos sem contrapartida.

Ultimato. Prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins deu um mês para que auxiliares do primeiro escalão que pretendem disputar a eleição por um partido aliado deixem a administração. A petista tem amargado dissidências na base.

Sinal amarelo. As primeiras pesquisas para a sucessão municipal em Florianópolis apontam altos índices de rejeição não só do atual prefeito, o tucano Dario Berger, como também de seus principais adversários, o casal Esperidião e Ângela Amin, do PP.

ABC conflagrado. O ABC paulista, berço do PT, está em pé de guerra em razão da escolha dos candidatos do partido a prefeito. Em três cidades, as prévias foram antecipadas para este ano: Diadema faz a escolha este mês, e Santo André e Mauá, em novembro.

Plano B. O PSDB já estuda alternativas aos projetos de reeleição dos prefeitos tucanos de Jundiaí, Ary Fossen, e de Sorocaba, Vitor Lippi, que estão com avaliação em baixa.

Tiroteio

Sobre partidos que mudam, silenciosamente, de programa e postura, o presidente nada sabe?


Do deputado CHICO ALENCAR (PSOL-RJ), ex-petista, sobre o fato de Lula ter citado a alteração do nome do PFL para Democratas como prova de que "às vezes não é o parlamentar que muda, e sim o partido".

Contraponto

É o cara

Nas discussões da CPMF, duas semanas atrás, o deputado Ivan Valente (PSOL-SP) foi à tribuna questionar a incoerência de PSDB e DEM, que criaram a contribuição e hoje tentam derrubá-la, e do PT, que votou contra em 1997 e hoje quer manter a cobrança. Para Valente, a CPMF serve só para manutenção do superávit primário.
-Quando eu for presidente, você vai dirigir o Banco Central!-, disse Ciro Gomes (PSB-CE) a Valente.
Antonio Carlos Pannunzio (PSDB-SP) completou:
-Se vencermos em 2010, vou fazer o mesmo convite.
O deputado do PSOL entrou na onda:
-Já tenho até discurso: viva o povo, dane-se o mercado!


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