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Diretores de estatais lideram lista doadores do PT em 2006
Indicados políticos repassaram R$ 133 mil ao partido ou à campanha de Lula
Oito entre os dez maiores contribuintes são dirigentes da Petrobras ou de elétricas; maior doador afirma se tratar de "obrigação política"
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Domínio do PT e motivo da
cobiça de partidos aliados, as
diretorias da Petrobras e das
estatais elétricas são ocupadas
por militantes que retribuem a
indicação partidária contribuindo com seus cofres.
Cruzamento feito pela Folha
na lista de doadores do partido
em 2006 com a relação de 20
mil cargos de confiança federais mostra que os diretores de
empresas públicas estão no topo do ranking. Juntos, 18 diretores repassaram R$ 133 mil ao
caixa do PT ou à campanha de
Luiz Inácio Lula da Silva. Dos
dez maiores contribuintes, oito
são de estatais.
O dado mostra como o partido está encastelado nas estatais e como são fiéis ao PT os
diretores dessas empresas. Explica também porque é tão difícil para aliados como PMDB,
PP, PTB e PR desalojarem esses petistas, em geral ocupantes de cargos com salários de
R$ 15 mil a R$ 40 mil, maior
que o de ministros. A disputa
por cargos de direção na Petrobras abriu uma crise na base de
Lula há duas semanas, que chegou a ameaçar a aprovação na
Câmara da CPMF.
PMDB e PP reclamaram da
indicação da petista Maria das
Graças Foster, então presidente da BR Distribuidora, para a
diretoria de Gás da Petrobras
no lugar do também petista Ildo Sauer, sem que seus pleitos
tivessem sido contemplados.
Sauer, que deixou a Petrobras no mês passado, lidera o
ranking dos servidores federais
que mais contribuíram com o
PT e Lula em 2006, com R$
29.013,13 doados -o "13,13" foi
referência intencional ao número do partido. Foster é a sexta colocada, com R$ 11 mil.
"Eu entendo que é nossa
obrigação política. Escolhemos
apoiar o PT há muitos anos.
Não adianta só falar. Campanhas eleitorais infelizmente
custam caro", disse Sauer, que
se diz um defensor do financiamento público. Segundo ele, "é
melhor que o partido receba de
seus militantes do que ficar dependente de outros esquemas".
Petrobras
A Petrobras tem mais três
servidores no "top 10" dos doadores: o presidente, José Sérgio
Gabrielli, foi o segundo mais
generoso: deu R$ 21.150. É seguido por Guilherme Estrella,
diretor de Exploração (R$ 21
mil), cujo cargo é cobiçado pelo
PP. Em nono lugar aparece Armando Ramos Tripodi, chefe-de-gabinete da presidência da
estatal, com R$ 5.000.
Gabrielli deu uma explicação
via assessoria: "Como cidadão
brasileiro, pago meus impostos
e não tenho que dar satisfação a
ninguém sobre o destino que
dou ao meu dinheiro". Segundo
a Petrobras, a mesma posição
têm Foster, Estrella e Tripodi.
Na batalha pela CPMF, a crise na Petrobras foi contornada
com a promessa do governo de
reorganizar o loteamento da
estatal. Mas deve entrar em cena agora a disputa pelo setor
elétrico, que deveria ser da cota
do PMDB do Senado, mas está
toda nas mãos de petistas.
Elétricas
Eletrobras, Eletrosul e o próprio ministério de Minas e
Energia estão sendo tocados
por interinos -todos petistas.
Valter Luis Cardeal, presidente
interino da Eletrobras, repassou R$ 19.500 ao PT e a Lula no
ano passado, o que faz dele o
quarto mais generoso doador.
Logo atrás vem o petista Ronaldo Santos Custódio, que
presidente interinamente a
Eletrosul, com R$ 14.100 doados. Mais dois diretores da Eletrobras, dois da Chesf, um da
Eletrosul e outro de Furnas fizeram contribuições.
As doações feitas ao partido
pelos diretores de estatais são
voluntárias. Além delas, há
uma contribuição compulsória
dos detentores de cargos de
confiança petistas, o "dízimo",
descontado do salário.
No governo Lula, houve expansão do número de cargos de
confiança, muitos dos quais
ocupados por petistas. Como
conseqüência, a arrecadação do
partido disparou.
De acordo com o levantamento da Folha, 274 detentores de cargos de confiança doaram ao PT no ano passado,
num total de R$ 265 mil.
Os 18 diretores de estatais,
apesar de representarem apenas 6,5% desse universo, responderam por 50,3% do montante de doações de servidores
com cargos comissionados.
Ao todo, a campanha de Lula
arrecadou mais de R$ 81 milhões -a grande maioria entre
pessoas jurídicas.
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