São Paulo, segunda-feira, 08 de outubro de 2007

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Senadores preparam reação contra Renan

DEM deve entrar com ação hoje; Demóstenes promete enfrentar senador no plenário e grupo pede renúncia coletiva nas comissões

Almeida Lima, aliado do presidente do Senado, disse que ele classifica a denúncia de espionagem como uma nova tentativa de golpe

SILVIO NAVARRO
JOSIAS DE SOUZA

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A denúncia de espionagem que envolve o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), reforçou a idéia na oposição de que o peemedebista está usando o cargo para tentar intimidar seus adversários. Em reação, o DEM deverá pedir hoje a abertura de um quinto processo de cassação.
A nova representação do DEM é pelo suposto esquema de espionagem para vigiar Demóstenes Torres (DEM-GO) e Marconi Perillo (PSDB-GO).
Demóstenes disse que discursará amanhã, com a presença de Renan, para pedir explicações. O corregedor da Casa, Romeu Tuma (DEM-SP), também anunciou que investigará.
Em outra frente, um grupo de senadores de vários partidos se reunirá amanhã para protestar contra a interferência de Renan no andamento dos processos e buscar saída para reconduzir Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) e Pedro Simon (PMDB-RS) à Comissão de Constituição e Justiça.
O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) disse que levará a proposta de renúncia coletiva da oposição das comissões.
O senador Almeida Lima (PMDB-SE) disse que conversou sobre o assunto com Renan. Segundo ele, Renan classificou como "nova tentativa de golpe". "Ele não deu importância e disse: "Nem respondi, nem vou responder porque não tem nada a ver comigo'", afirmou.
Demóstenes e Perillo, no entanto, não são os únicos na mira. Renan coleciona informações contra senadores. Um de seus principais alvos é José Agripino Maia (DEM-RN). Renan vasculha os negócios do filho de Agripino, o deputado Felipe Maia (DEM-RN).
Felipe adquiriu há cerca de seis anos uma empresa chamada Comav, que presta serviços, mediante concessão, à BR Distribuidora, um dos braços da Petrobras. A Comav transporta o combustível que abastece as aeronaves que decolam dos aeroportos de Natal e Mossoró.
Entre quatro paredes, Renan diz ter "uma bomba". Afirma que, se necessário, não hesitará em detoná-la.
A Folha ouviu o senador Agripino Maia. "Ele que faça a investigação que bem entender. No caso de Felipe, vai dar com os burros n'água. Ele está procurando qualquer coisa para atingir aqueles que julga serem os seus algozes."
O filho de Agripino Maia é sócio majoritário da Comav.
Detém 80% do capital social da empresa. Seu sócio, Sinval Moreira Dias, controla os outros 20%. Quando os dois compraram a empresa, ela já prestava serviços à Petrobras. Sob a nova administração, o primeiro contrato foi assinado em 2001, durante o governo Fernando Henrique Cardoso. Na gestão Lula, o contrato foi renovado duas vezes, em 2004 e, há poucos dias. "Se Renan está insinuando que meu filho foi beneficiado no governo Fernando Henrique, eu digo que isso é uma balela. Se a empresa dele não prestasse um bom serviço, por que o contrato seria renovado no governo Lula?." Renan foi procurado pela Folha, mas preferiu ficar calado.


Josias de Souza escreve o blog "Josias de Souza - Nos Bastidores do Poder" no endereço: www.folha.com.br/blogs/josiasdesouza


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