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Senadores preparam reação contra Renan
DEM deve entrar com ação hoje; Demóstenes promete enfrentar senador no plenário e grupo pede renúncia coletiva nas comissões
Almeida Lima, aliado do presidente do Senado, disse que ele classifica a denúncia de espionagem como uma nova tentativa de golpe
SILVIO NAVARRO
JOSIAS DE SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A denúncia de espionagem
que envolve o presidente do Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL), reforçou a idéia
na oposição de que o peemedebista está usando o cargo para
tentar intimidar seus adversários. Em reação, o DEM deverá
pedir hoje a abertura de um
quinto processo de cassação.
A nova representação do
DEM é pelo suposto esquema
de espionagem para vigiar Demóstenes Torres (DEM-GO) e
Marconi Perillo (PSDB-GO).
Demóstenes disse que discursará amanhã, com a presença
de Renan, para pedir explicações. O corregedor da Casa, Romeu Tuma (DEM-SP), também
anunciou que investigará.
Em outra frente, um grupo
de senadores de vários partidos
se reunirá amanhã para protestar contra a interferência de
Renan no andamento dos processos e buscar saída para reconduzir Jarbas Vasconcelos
(PMDB-PE) e Pedro Simon
(PMDB-RS) à Comissão de
Constituição e Justiça.
O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) disse que levará
a proposta de renúncia coletiva
da oposição das comissões.
O senador Almeida Lima
(PMDB-SE) disse que conversou sobre o assunto com Renan. Segundo ele, Renan classificou como "nova tentativa de golpe". "Ele não deu importância e disse: "Nem respondi, nem
vou responder porque não tem
nada a ver comigo'", afirmou.
Demóstenes e Perillo, no entanto, não são os únicos na mira. Renan coleciona informações contra senadores. Um de
seus principais alvos é José
Agripino Maia (DEM-RN). Renan vasculha os negócios do filho de Agripino, o deputado Felipe Maia (DEM-RN).
Felipe adquiriu há cerca de
seis anos uma empresa chamada Comav, que presta serviços,
mediante concessão, à BR Distribuidora, um dos braços da
Petrobras. A Comav transporta
o combustível que abastece as
aeronaves que decolam dos aeroportos de Natal e Mossoró.
Entre quatro paredes, Renan
diz ter "uma bomba". Afirma
que, se necessário, não hesitará
em detoná-la.
A Folha ouviu o senador
Agripino Maia. "Ele que faça a
investigação que bem entender. No caso de Felipe, vai dar
com os burros n'água. Ele está
procurando qualquer coisa para atingir aqueles que julga serem os seus algozes."
O filho de Agripino Maia é
sócio majoritário da Comav.
Detém 80% do capital social da
empresa. Seu sócio, Sinval Moreira Dias, controla os outros
20%. Quando os dois compraram a empresa, ela já prestava
serviços à Petrobras. Sob a nova administração, o primeiro
contrato foi assinado em 2001,
durante o governo Fernando
Henrique Cardoso. Na gestão
Lula, o contrato foi renovado
duas vezes, em 2004 e, há poucos dias. "Se Renan está insinuando que meu filho foi beneficiado no governo Fernando
Henrique, eu digo que isso é
uma balela. Se a empresa dele
não prestasse um bom serviço,
por que o contrato seria renovado no governo Lula?." Renan
foi procurado pela Folha, mas
preferiu ficar calado.
Josias de Souza escreve o blog "Josias de Souza
- Nos Bastidores do Poder" no endereço:
www.folha.com.br/blogs/josiasdesouza
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