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Bispo Macedo ataca Globo, ironiza SBT e revela sucessor
Líder da Igreja Universal e dono da Record diz que autorizou
publicação de biografia para se defender de "execração pública'
Em livro que será lançado
no próximo dia 15, com uma
tiragem recorde de 700 mil
exemplares, ele critica papa,
imprensa e jogo político
RICARDO FELTRIN
EDITOR-CHEFE DA FOLHA ONLINE
Edir Macedo Bezerra, 62, líder da Igreja Universal e dono
da TV Record, diz que dois motivos o levaram a autorizar a
publicação de sua biografia (ed.
Larousse), que chega às livrarias no dia 15: medo de que alguém publicasse uma versão
não-autorizada e se defender
que chama de "execração" e da
acusação de explorar a fé.
O bispo também usa o livro
para apontar publicamente
-pela primeira vez- quem será seu herdeiro espiritual, o nome de seu sucessor em caso de
morte.
"Doze anos depois de ter sido
preso na rua, levado para a cela
de uma delegacia e ter sido execrado nos noticiários dos jornais, do rádio e da televisão, resolvi contar minha versão dos
fatos", declara Macedo em entrevista exclusiva.
O livro contém vários ataques diretos à Globo, que é acusada de ser manipuladora, desonesta e até imoral no trato das notícias, especialmente as
que colocaram a ele e sua igreja
no centro de escândalos.
Fica claro que o bispo não
perdoou e jamais perdoará a
Globo pela forma com que cobriu sua prisão, sob acusação de
charlatanismo e curandeirismo, em maio de 1992, e pela
exibição da minissérie "Decadência" (95), de Dias Gomes,
que retratava um pastor evangélico desonesto.
A minissérie, aprovada pelo
próprio Roberto Marinho à
época, foi posteriormente considerada um tiro no pé na emissora. Revoltou a todos os evangélicos, e não só a Universal.
O rancor com a Globo pode
ser mensurado nas 273 páginas
da obra escrita por Douglas Tavolaro, diretor de Jornalismo
da Record, com reportagem de
Cristina Lemos. O nome da
"inimiga" Globo ou o de Roberto Marinho são citados 50 vezes. Já o SBT -emissora empatada na vice-liderança do ibope
com a Record, com seis pontos- é citado apenas duas.
Aliás, também sobram farpas
para Silvio Santos. O biografado se gaba de tê-lo ludibriado
nas negociações para a compra
da Record. Usou um "laranja"
na compra, Laprovita Vieira,
até a hora de assinar o cheque.
Quando viu a manobra, o dono do SBT não podia mais voltar atrás, pois um sinal de US$ 7
milhões já fora dado.
"Silvio Santos é um extraordinário vendedor, mas um péssimo diretor de programação.
Você vê o SBT, aquilo é uma lástima", ironiza o bispo.
"Dar a outra face" não faz
parte de seus ensinamentos.
Ele mapeia e combate inimigos.
Confiante ao exagero, acha
que as revelações em sua biografia, com tiragem de 700 mil
exemplares, podem mudar o
Brasil. Suas críticas vão para a
imprensa e para o Judiciário.
"Os interesses por trás das
manchetes e das decisões descabidas da Justiça; a manipulação da verdade motivada por
interesses comerciais e religiosos... Isso precisa mudar."
Procuradas por telefone durante todo o dia de ontem, as
assessorias da Globo e do SBT
não foram localizadas.
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