São Paulo, Segunda-feira, 08 de Novembro de 1999
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Liberdade valia US$ 15 mil

da Agência Folha, em Campo Grande

O comerciante José Luiz Brum, pai de um dos brasileiros presos, afirmou que os parentes iriam pagar US$ 15 mil a um capitão da polícia peruana para que os sete fossem libertados.
Segundo Brum, o pagamento só não foi feito porque o advogado peruano Roberto Teles, que negociava a transação e seria conivente com a extorsão, pediu mais US$ 10 mil, dinheiro que supostamente seria dado a um coronel.
Rosane Crispim, irmã de Luiz Adolfo Schirach Silveira Crispim, um dos presos no Peru, disse que os familiares tinham a "intenção de pagar, mas a sacanagem (o aumento do valor exigido) foi muito grande".
Os parentes dos brasileiros decidiram, então, tentar uma solução por meio do Consulado do Brasil em Iquitos.
Iquitos está localizada nas margens do rio Solimões e tem cerca de 200 mil habitantes.
"Aqui, quando eles pegam alguém na rua e dizem que é ladrão, essa pessoa passa três anos na cadeia se nada for feito. Vejo coisa aqui que, se eu contar por telefone, você vai dizer que é mentira para defender meu filho", disse o comerciante Brum à Agência Folha.

"Tortura psicológica"
Rosane, que mora em Cuiabá (MT), disse que no fim do mês passado conseguiu falar, por telefone, com seu irmão.
Luiz Adolfo afirmou a ela que emagreceu 12 quilos desde que foi preso, em 18 de setembro.
O irmão disse a ela que está sofrendo uma "tortura psicológica".
"Os policiais jogam na cara deles (presos) que eles são ladrões, que têm mais é que apodrecer na cadeia", disse Rosane, chorando, por telefone, à Agência Folha.
Segundo ela, o irmão "pediu pelo amor de Deus" para que tudo fosse tentado no Brasil para conseguir libertá-lo.

"Ameaçaram bater"
Brum também relatou que os brasileiros estão sendo submetidos a torturas psicológicas. "Eles ameaçaram bater no meu filho", disse o comerciante.
Todos os brasileiros presos, de acordo com Brum, estão desesperados e choram durante as visitas, que só podem ocorrer uma vez por semana.


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