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GOVERNO
Ao deixar governo, ministro-chefe da Casa Civil será vice-presidente executivo
Parente vai assumir cargo na RBS, sem quarentena
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O atual ministro-chefe da Casa
Civil e coordenador da equipe de
transição do governo federal, Pedro Parente, 49, foi contratado pelo grupo gaúcho RBS. A empresa
vai criar um cargo, o de vice-presidente executivo, que Parente assume em 1º de fevereiro. Ele deixa
o governo em 31 de dezembro.
O anúncio foi feito ontem pelo
presidente da RBS, Nelson Sirotsky, aos executivos da empresa. No site da RBS, Parente é definido como como "técnico de alta
capacitação e administrador eficiente". A empresa divulgou internamente, também, a carta na
qual Parente diz ter consultado a
Comissão de Ética Pública, que,
"em reunião realizada em 18 de
outubro, liberou-o da quarentena
imposta aos servidores públicos
do primeiro escalão por se tratar
de empresa cujas áreas de atuação
não têm qualquer relação com
suas atuais funções".
A quarentena, prevista no Código de Conduta da Alta Administração Federal, se aplica a autoridades da área econômica. Após
deixar seus cargos, ficam impedidas, por quatro meses, de exercer
atividade no setor privado relacionada à sua função no governo.
O Grupo RBS é sócio das Organizações Globo na Net, antiga
Globocabo, que vem acumulando
sérios prejuízos nos últimos anos.
A empresa de TV a cabo tem sido
responsável pelas principais turbulências financeiras que atingiram recentemente os negócios da
família de Roberto Marinho.
O Grupo RBS tem 5,3% da Net.
Em setembro, injetou R$ 2,2 milhões na empresa, na última rodada de capitalização. Ao todo, os
acionistas investiram R$ 1,13 bilhão novos no negócio. A empresa de participações do BNDES, a
BNDESpar, que tem 22% do capital, entrou com R$ 284 milhões.
A Globopar, holding que administra a Net, anunciou na semana
passada a suspensão do pagamento de sua dívida externa de
US$ 1,5 bilhão.
Um projeto de lei aprovado na
terça no Senado dá poderes ao
Executivo para aprovar a compra
de TVs a cabo por investidores estrangeiros em até 100% do capital.
A decisão, entretanto, deverá ser
reavaliada no próprio Senado antes de ir à Câmara dos Deputados.
A empresa comandada pela família Sirotsky também teve problemas ao investir, em 98, no setor de telefonia. A parceria com os
espanhóis da Telefónica na CRT
foi desfeita e a RBS foi obrigada a
vender seu portal de internet Terra (para a própria Telefónica) para recuperar capital de giro.
No Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, o Grupo RBS tem seis
jornais, 24 estações de rádio, um
portal de internet, uma empresa
de marketing, 17 emissoras afiliadas à Rede Globo, três TVs comunitárias e um canal destinado a informações para o setor rural.
"A RBS chegou ao nome de Pedro Parente por indicação da empresa SpencerStuart. O novo vice-presidente executivo será responsável pela gestão e operação das
empresas do grupo RBS, reportando-se diretamente ao diretor-presidente Nelson Sirotsky", diz
nota da empresa. Parente será
apresentado no dia 11 ao Conselho de Administração. Entre outras empresas, o grupo Gerdau
também tinha interesse em Parente.
(LÉO GERCHMANN, WILSON SILVEIRA E WLADIMIR GRAMACHO)
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