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Fazenda habilitou firma de Colnaghi
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma das empresas dos Colnaghi, a Soft Micro Tecnologia da
Informação é uma das seis credenciadas pelo Ministério da Fazenda para a execução de um programa de US$ 300 milhões: o Programa Nacional de Apoio à Gestão Administrativa e Fiscal dos
Municípios Brasileiros.
A empresa foi habilitada para a
venda de licença de uso do aplicativo "Assessor Público" no dia 20
de dezembro de 2002, no fim do
governo Fernando Henrique Cardoso. Sua habilitação foi renovada em 12 de maio de 2005, ainda
que a Soft Micro Informática Araçatuba, ligada ao grupo, esteja inscrita na dívida ativa do INSS.
Segundo o INSS, a dívida é de
R$ 504.870,02. No dia 6 de outubro, a Soft Micro Informática recebeu baixa do Cadastro Nacional
de Pessoa Jurídica (CNPJ), sendo
extinta por liquidação voluntária.
Até então, a empresa funcionava no mesmo endereço da Soft
Micro Tecnologia da Informação,
em Araçatuba. Com a habilitação,
a Soft Micro é uma das seis únicas
autorizadas a desenvolver o programa, alimentado por um empréstimo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Para a implantação do sistema,
o município beneficiado tem de
abrir uma licitação entre as seis
habilitadas. A Caixa Econômica
Federal é a encarregada de repassar recursos aos municípios.
Segundo dados do Ministério
da Fazenda, em 2004, 23 municípios foram contemplados com
R$ 5,7 milhões.
O empresário Roberto Colnaghi
e o irmão Francisco Carlos Jorge
Colnaghi são os donos do avião
Seneca PT-RSX que, segundo denúncia da revista "Veja", teria
transportado dólares enviados
por Cuba para abastecer a campanha de Luiz Inácio Lula da Silva.
No dia 14 de julho, a Soft Micro
foi beneficiada com um contrato
de R$ 9,4 milhões com o governo
de Tocantins. O dinheiro foi assegurado graças a um convênio do
Estado com o Banco do Brasil. A
Soft Micro Tecnologia da Informação foi contratada, sem licitação pública, para "a modernização dos processos de gestão" em
139 municípios do Tocantins.
Além dos R$ 9,4 milhões pagos
pelo BB, a Soft Micro receberá
uma taxa mensal, de pelo menos
R$ 550, de cada uma das prefeituras.
Para a professora de direito administrativa Maria Sylvia Zanella
di Pietro, a adoção de diferentes
CNPJs para a mesma empresa é
"uma burla": "É evidente a pretensão de burlar. A administração
pública não deveria aceitar".
Procurada pela Folha, a assessoria do Ministério da Fazenda
não apresentou, até a conclusão
desta edição, os critérios para a seleção da empresa. A assessoria
dos Colnaghi não se manifestou.
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